Asas ainda. Latejante flor de Abril
Alvoroçada. E desvelos a inflamar gargantas.
E memórias. Como se o tempo fosse
Sentido único.Veredas que se soltam e se derramam
No excesso.
E os olhos em febre
Que nada nesse caudal é
mesquinho:
Nem o canto, nem as
lágrimas
Nem a desmesura
Das bandeiras.
A rudeza onde estendemos
o pão
É pedra afeiçoada. E
frutos que germinam
Nas margens. E se desprendem
Em maciez de bocas
Sôfregas.
Na altivez precária do
porte
E dos gestos perfilam-se
então antigos ritos
Que rebentam as
grilhetas
De tão pródigos.
E no cerco dos dias
presentes
Na cidade sitiada de
sombras
Nos obscuros heróis
corroídos
Herdeiros do medo e da
fome
O bronze e o timbre
Modelam o rosto do tempo
E afeiçoam o imorredoiro
grito.
Viva a Liberdade!...
Manuel Veiga
(poema reeditado)
8 comentários:
Sim. Viva a Liberdade!
A sofreguidão do grito, da Boa Nova tão esperada quase que deixava sem fôlego as pobres almas ansiosas. E também o espanto perante essa flor alvoroçada que veio aquietar os nossos corações.
Que a nossa memória a conserve fresca e bem cheirosa.Que ela seja a fonte de outras boas memórias presentes e futuras.
Um grande abraço, Manuel.
Olinda
Muito bom :))
Hoje:- Meus olhos vagueiam em teus lábios
.
Bjos
Votos de excelente Segunda -Feira
Só te posso citar, neste magnífico poema:
"Asas ainda. Latejante flor de Abril
Alvoroçada. E desvelos a inflamar gargantas.
E memórias. Como se o tempo fosse
Sentido único. Veredas que se soltam e se derramam
No excesso"
Viva a liberdade!
Uma boa semana, meu Amigo. Um beijo.
O teu poema tem a sabedoria e a entrega de Abril. Por mim, destaco a mesa onde estendemos o pão. É rude e afeiçoada. “E frutos germinam nas margens” .
Bravo, Manuel Veiga!
Beijo.
Et par le pouvoir d´un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Por te nommer
Liberté.
(Paul Éluard. POésie et Verité, Paris, 1942)
É preciso manter a chama acesa.
Um forte abraço, meu caro amigo!
Viva, Manuel, viva a liberdade!
Que as asas desmesuradas cubram
toda a gente na cidade
e a vibração do bronze toque o cume...
Bela bandeira ergueste!
Abraço.
Um poema muito belo.
Viva a Liberdade!
Beijinhos,
Ailime
O espírito da liberdade e do inconformismo... o espírito de Abril... brilhantemente expressos, neste fervoroso poema!
Viva a Liberdade!
Beijinho
Ana
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