terça-feira, outubro 23, 2018

SERENOS CORREM OS RIOS...


Serenos correm os rios e com eles
As tumultuosas águas se enternecem e se dobram
Na plácida hora. Nada neste estio
Se agita para além do sonho
E do sobressalto do sangue
Em louvor dos afluentes:
Sons que distantes
Celebram os percursos
Da memória
Incendiada…

Sou este percurso de sílabas
De um alfabeto inventado
Em que me digo nesta vertigem
E nos inaudíveis sons
Que respiro no alvoroço
Das margens…

E nesta torrente de plenas emoções
E dulcíssimas águas…


Manuel Veiga

(Poema editado)

12 comentários:

Teresa Durães disse...

Num percurso de sílabas onde é possível reinventar-se!

Larissa Santos disse...

Maravilhoso Poema:))

Hoje: Momentos e horas vazias

Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira

Agostinho disse...

Belíssima esta arte de alinhar sílabas, próprias,
apurar a palavra justa
escorrente neste leito de poesia.
Como um pássaro em voo rasante
ao espelho.

Abraço

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, meu amigo Manuel, percebo nesse poema uma musicalidade muito linda, casamento perfeito com as belas metáforas! Aliás noto e destaco, há muito tempo, suas metáforas, ricas metáforas! Não é fácil... Mas aqui é perfeita.
Beijo, amigo, uma ótima semana.

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo.
"Aguas dulcíssimas" por onde corre a sua sublime poesia.
Beijinhos,
Ailime

Suzete Brainer disse...

Adoro este teu poema, meu amigo!!!

Uma expressividade poética no alcance da perfeição, no
correr da beleza do sentir plasmado em palavras, como
gestos do "percurso da memória incendiária..."

A poesia neste corpo "de sílabas de um alfabeto
inventado" por um poeta ímpar!...

Por gentileza, poeta, sempre invente neste percurso
imenso da beleza da sua poética.

Bjos.

Pata Negra disse...

Á poeta! ou Ah poeta! ou Há poeta! É por nunca encontrar a palavra certa que não comento poesia.

Estou sempre com as mesmas ideias? Não me lembro de alguma vez ter dito que a poesia não se comenta!

Um abraço e lança sempre

Teresa Almeida disse...

Em torrente se precipita o sentir do poeta. E em cada verso nova melodia.

E assim se oferece a tua excelente poesia, meu amigo Manuel Veiga.

Beijos.

Emília Pinto disse...

E a vida, Manuel, é como um rio ...como ele, passa ao seu ritmo sem se importar com quem está no seu caminho e com ela temos nós de seguir, sempre em frente ; nāo nos é permitido voltar atrás e nem sequer nos foi permitido escolher se queriamos este rio, se gostariamos de nele navegar. Já reparaste como são parecidos, o rio e a vida? Como ele, nós nascemos, como ele fazemos um determinado percurso, ora com dias serenos , ora com tempos tumultuosas ; como ele vamos também recebendo " afluentes "...de um lado, do outro, uns de águas límpidas, outros imensamente turvas até que, como ele, chegamos ao fim da caminhada, nāo no mar, mas sim em outro qualquer espaço que nunca saberei classificar. O destino final do rio é sempre o mar...o destino final da vida, sinceramente, nāo sei qual é; acaba, simplesmente. Mas nas margens deste teu rio, Manuel, respira-se serenidade e olhando as " dulcissimas águas" que correm no seu leito, nāo se pensa onde tudo vai acabar, mas, sim, nas maravilhas que temos à nossa frente.para admirar.Obrigada! Muito bom! Um beijinho
Emilia

Marta Vinhais disse...

Somos o rio... com penhascos, curvas, cascatas e rápidos...
A vida....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

José Carlos Sant Anna disse...

O que não falta são afluentes nos rios transbordantes da sua poética. Sempre abismado com o mundo e tentando explicá-lo poeticamente. E as imagens borbulham na "torrente de emoções das dulcíssimas águas".
Um forte abraço, meu caro amigo!

Graça Sampaio disse...

Não sei porque me lembro (quase) sempre de Ricardo Reis...

Muito belo! Parabéns!

Beijinho

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