Serenos correm os rios e com eles
As tumultuosas águas se enternecem e se dobram
Na plácida hora. Nada neste estio
Se agita para além do sonho
E do sobressalto do sangue
Em louvor dos afluentes:
Sons que distantes
Celebram os percursos
Da memória
Incendiada…
Sou este percurso de sílabas
De um alfabeto inventado
Em que me digo nesta vertigem
E nos inaudíveis sons
Que respiro no alvoroço
Das margens…
E nesta torrente de plenas emoções
E dulcíssimas águas…
Manuel Veiga
(Poema editado)
12 comentários:
Num percurso de sílabas onde é possível reinventar-se!
Maravilhoso Poema:))
Hoje: Momentos e horas vazias
Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira
Belíssima esta arte de alinhar sílabas, próprias,
apurar a palavra justa
escorrente neste leito de poesia.
Como um pássaro em voo rasante
ao espelho.
Abraço
Olá, meu amigo Manuel, percebo nesse poema uma musicalidade muito linda, casamento perfeito com as belas metáforas! Aliás noto e destaco, há muito tempo, suas metáforas, ricas metáforas! Não é fácil... Mas aqui é perfeita.
Beijo, amigo, uma ótima semana.
Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo.
"Aguas dulcíssimas" por onde corre a sua sublime poesia.
Beijinhos,
Ailime
Adoro este teu poema, meu amigo!!!
Uma expressividade poética no alcance da perfeição, no
correr da beleza do sentir plasmado em palavras, como
gestos do "percurso da memória incendiária..."
A poesia neste corpo "de sílabas de um alfabeto
inventado" por um poeta ímpar!...
Por gentileza, poeta, sempre invente neste percurso
imenso da beleza da sua poética.
Bjos.
Á poeta! ou Ah poeta! ou Há poeta! É por nunca encontrar a palavra certa que não comento poesia.
Estou sempre com as mesmas ideias? Não me lembro de alguma vez ter dito que a poesia não se comenta!
Um abraço e lança sempre
Em torrente se precipita o sentir do poeta. E em cada verso nova melodia.
E assim se oferece a tua excelente poesia, meu amigo Manuel Veiga.
Beijos.
E a vida, Manuel, é como um rio ...como ele, passa ao seu ritmo sem se importar com quem está no seu caminho e com ela temos nós de seguir, sempre em frente ; nāo nos é permitido voltar atrás e nem sequer nos foi permitido escolher se queriamos este rio, se gostariamos de nele navegar. Já reparaste como são parecidos, o rio e a vida? Como ele, nós nascemos, como ele fazemos um determinado percurso, ora com dias serenos , ora com tempos tumultuosas ; como ele vamos também recebendo " afluentes "...de um lado, do outro, uns de águas límpidas, outros imensamente turvas até que, como ele, chegamos ao fim da caminhada, nāo no mar, mas sim em outro qualquer espaço que nunca saberei classificar. O destino final do rio é sempre o mar...o destino final da vida, sinceramente, nāo sei qual é; acaba, simplesmente. Mas nas margens deste teu rio, Manuel, respira-se serenidade e olhando as " dulcissimas águas" que correm no seu leito, nāo se pensa onde tudo vai acabar, mas, sim, nas maravilhas que temos à nossa frente.para admirar.Obrigada! Muito bom! Um beijinho
Emilia
Somos o rio... com penhascos, curvas, cascatas e rápidos...
A vida....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
O que não falta são afluentes nos rios transbordantes da sua poética. Sempre abismado com o mundo e tentando explicá-lo poeticamente. E as imagens borbulham na "torrente de emoções das dulcíssimas águas".
Um forte abraço, meu caro amigo!
Não sei porque me lembro (quase) sempre de Ricardo Reis...
Muito belo! Parabéns!
Beijinho
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