Generosos são os
deuses que tecem filigranas
No corpo da
noite.
Sempre ali
estiveram as ilhas.
Meus olhos é que
tardaram
Nessa bebedeira
do sonho...
O voo é esta
reclinação do tempo.
Dispo-me de mim.
E mergulho no magma.
Como outrora a
cobiça dos impérios
Criava
tempestades...
Pepitas
luminosas no colar de Athena.
As ilhas sempre
ali foram. Homens e impérios
As profanaram no
impudor da guerra.
E no delírio das
vitórias.
Gargantas
bárbaras por onde escorre vinho
Generoso. Subtil
veneno que entorpece
Como lento
remoer da insubmissa espera...
Sou herdeiro
desta miragem. Da infinita doçura
Que sara os
golpes. E da mão que vinga.
E do apolíneo
gesto que rasga a pedra.
E do bronze da
história que clama.
E que reclama. E
dos hercúleos pilares
Que sustêm a
Europa. Néscia.
.....................................................
Regresso agora.
Ítaca reinventada.
Pátria-minha. Ferida
aberta...
Manuel Veiga
11 comentários:
Um poema fantástico. Adorei :))
Hoje:- És a bebida que sorvo em mar deserto.
Bjos
Votos de uma óptima Sexta - Feira
A excelência da palavra esclarecida, parabéns.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.
Caro amigo Manuel, o que posso dizer sobre este teu poema, que tem estrofes como esta?:
"Sempre ali estiveram as ilhas.
Meus olhos é que tardaram
Nessa bebedeira do sonho..."
Parabéns poeta, belo belo poema!
Ótimo final de semana, Manuel.
Grande abraço.
Pedro
Caro Manuel,
Aqui um rio que flui, natural e simbólico. Aqui um rio que flui, natural e simbólico. E do bronze da história que clama/.E que reclama. E dos hercúleos pilares/ Que sustêm a Europa. Néscia. Haja grandeza nesta Europa tão incapaz para outros tantos misteres.
Fica o dito pelo dito. Excelente poema!
Um abraço, caro amigo!
Olá, Manuel, gostei desse teu belo poema, e em especial dessa estrofe:
Sempre muito bom vir aqui!
Um ótimo fim de semana pra você
Beijo, meu amigo.
O voo é esta reclinação do tempo.
Dispo-me de mim. E mergulho no magma.
Como outrora a cobiça dos impérios
Criava tempestades...
O poema acorda a ancestral proximidade ao Olimpo
e aos homens que o fizeram (em nós)
fio corrente,
declinando afeições e traições
deuses e ilhas
homens e impérios
misérias e vitórias
gesto e pedra
Europa néscia
(alquebrada, anquilosada, gorda, diabética, acomodatícia...)
Somos nós (?!).
Excelente, Manuel Veiga!
Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo que me deixa sem palavras para não macular a excelência do momento.
Beijinhos e bom domingo.
Ailime
Poema salido de la lunjura de l tiempo, cula fuorça de resgar la piedra. Ye de spráncia i lhuita. Nun tenemos dúbedas.
I l cherume de la palabra siempre colgado n'amerosura de l sentir.
I mais nun digo porque ye mui buono fazer paraiges por ende i scuitar, tamien, esta galana melodie.
Grande abraço, miu amigo Manuel Veiga.
Teresa, minha querida amiga,
que afago tão cálido as tuas palavras assim escritas em língua mirandesa que fazem ecoar em mim ressonâncias de dias felizes da infância e da adolescência
e como tu soubeste pressentir, pedindo meças a uma autêntica "Mulher de Atenas", que este seria um momento em que este teu amigo as guardaria com especial carinho.
muito obrigado, Teresa Almeida Subtil
beijo
Que dizer perante este Poema que aborda tema que me é muito querido e de forma poética?
E depois o comentário de Teresa Subtil na língua mirandesa, essa lengua
melodiosa que também me fala ao coração.
Tudo muito bom, excelente!
Gostei muito.
Abraço
Olinda
Poema e...forma poética.
Pleonasmo?
:)
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