quarta-feira, outubro 23, 2019

JOGO DE AFINIDADES...


Jogo de afinidades e transparências
A dissolver a inóspita presença
Das limalhas. Decantação
Dos dias e flor dos lábios
A arder gloriosa
Na subtil dádiva…

Flor ainda!

Rosto e delicadas formas
No bailado da espera
A acender os olhos
E a soltar o frémito
E o cume…

E o alvoroço
Dos sentidos…

Já não flor – fio de lume!


Manuel Veiga




7 comentários:

manuela barroso disse...

Quanta beleza deixas à mercê da minha leitura, querido amigo!
Imagina o que faz esta dana do tempo!
Beijinho para ti

Jaime Portela disse...

Brilhante, gostei imenso.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.

José Carlos Sant Anna disse...

Sempre fecundo, meu caro poeta! Sempre!
Mergulhar nas "afinidades e transparências" para descobrir as angústias do homem e, por extensão, as do poeta, incansável na sua "faina" por encontrar o "alvoroço dos sentidos", a essência poética em cada voo ou em cada mergulho. E assim vai alargando o seu universo, o seu mundo.
Daqui fico eu batendo palmas para cada novo poema!
Abraços, meu caro poeta!

Emília Pinto disse...

E há afinidades e muitas diferenças em cada um de nós e, atrevo-me a dizer que não só em nós, seres humanos, mas também em cada ser vivo ou inanimado nesta terra que dizemos nossa; mesmos as flores, parecendo iguaizinhas, há sempre uma petalazinha diferente, mais escura, mais clara um pouco, mais descaída e, se olharmos com atenção, até as areias da praia têm diferentes tamanhos, graozinhos minúsculos, maiores outros e até godos grandes aparecem; e assim, amigo, vamos vivendo nesse " jogo de afinidades " de " transparencias " , de diferenças porque a vida assim o exige e seria bom que aceitassemos essa ordem, sem reclamar e com o maior respeito para que a caminhada se faça tranquila, serena, sem grande " alvoroco " . O que deixa sempre a minha alma em alvoroço é esta tua maneira de escrever, palavras sabiamente alinhadas que formam poemas fantásticos e não admira nada, pois eu, como já deves saber, não sou capaz de fazer uma simples quadra. Além disso, ler poesia desta antes de dormir, aquieta e o sono vai chegando, devagarinho, devagarinho. Obrigada, Amigo e aproveito para te desejar um bom fim de semana, com alegria, junto dos teus. Um beijinho
Emília

Olinda Melo disse...

Metamorfose da flor...em fio de lume, numa bela construção em que se adivinha um caminho percorrido com cuidados de esteta, na concepção e aceitação de um rosto e daquilo que poderá trazer de belo e transcendente.

Sempre a considerá-lo, amigo Manuel Veiga.

Abraço

Olinda

Tais Luso de Carvalho disse...

Jogo de afinidades,
Belíssimo! Nessa vasta sucessão que desnuda a verve poética do poeta, só pode dar nisso, meu amigo Manuel, belas criações em que nós, humanos, somos o centro das inspirações poéticas, rodeados de flores, da lua, do sol escondido entre nuvens, dos mares e das emoções. Mas só em poesia esse milagre, pois no restante ficamos a desejar. Por isso que a poesia tem seu valor indiscutível. Ela traz o que há de melhor, de mais puro, de mais belo. Ou se não bastasse é capaz de deixar tudo mais brando; enquanto o mundo faz guerra, o poeta faz poesia...
Uma ótima semana!
Beijos

Teresa Almeida disse...

Gostei de me encontrar aqui com o Paulo Gonzo, numa canção de eleição.
E de eleição é este "Jogo de afinidades".
Gosto de caminhar contigo nesta escalada de arte e beleza.

Beijos, meu amigo Manuel.

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