segunda-feira, fevereiro 10, 2020

FACE ENCOBERTA DE UM POEMA ...


No cume mais alto da inóspita palavra
E desabridos ventos

No mais cálido despojamento dos passos
E percursos íntimos

Lugar de altivez e gélidas fronteiras
Onde se aventuram apenas asas de condor
E amáveis gestos ...

Na gloriosa solidão dos guerreiros
Ante o campo de despojos – e seu remorso.
E nas batalhas perdidas
E nas horas bastas
Sem destino
Nem gloria

E na bravura dos arados
E no perfume dos mostos
E nos olhos rasos

Solto a emoção breve
E soletro o nome

E desdizendo-me me digo
Face encoberta de um poema
Em que me devolvo
Inteiro...

Manuel Veiga



13 comentários:

Olinda Melo disse...



Emoção do Poeta na soletração
do nome, mas também no remorso do
guerreiro, embora glorioso, perante
os despojos de guerra. Coloca alto
os amáveis gestos, nos quais, talvez,
se encontre o encanto deste belo Poema.

Abraço, Manuel Veiga.

Olinda

Maria disse...

Sempre intenso...
Um abraço.

Maria João Brito de Sousa disse...

..." E desdizendo-me me digo
Face encoberta de um poema
Em que me devolvo
Inteiro..."

Forte abraço, Manuel.

manuela barroso disse...

Belíssimas palavras onde inteiro está o teu poema
Beijinho Manuel

José Carlos Sant Anna disse...

Este poema se abre à comunhão e à intimidade.
É um corpo a saciar a sede do leitor.
Mas não tenhamos pressa para não perdermos "a face encoberta de um poema" em que o poeta se devolve inteiro
Forte abraço, caro Manuel!

Maria Rodrigues disse...

E nessa devolução por inteiro, surgiu um poema sentido e belo.
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Quem me dera ter engenho e arte, para comentar este poema como merece.
Abraço

Teresa Almeida disse...

Este poema nascido na inóspita palavra, tem a beleza e o voo de um condor. Que

Força e suavidade. Que dinâmica, amigo!


Forte abraço de parabéns.

Ailime disse...

Bom dia Manuel,
Por detrás da "face encoberta de um poema" está todo o talento dum grande Poeta.
Gostei muito deste belíssimo poema.
Um beijinho.
Ailime

Genny Xavier disse...

O que se diz por dentro e se externa no verso...nas entrelinhas do poema se esconde sua face...profunda forma de dizer, ainda que sejam inóspitas as palavras...
Estás inteiro nessa metalinguagem poética, Manuel.

Beijo.
Genny

Agostinho disse...

Gosto deste teu poema porque sim
porque reconheço nele a substância
que enforma o desafio poético
o condor mergulha na essência contida
da palavra há de trazer

Agostinho disse...

fiquei sem bateria e o comentário ficou truncado. Concluindo,

... há-de trazer o ouro que a alma do Poeta depurou para verter na palavra poética.

Abraço.

Ana Freire disse...

E a poesia é isso mesmo... um processo de filtragem e conhecimento do mundo... que nos devolve ao mesmo... mais conscientes e inteiros!...
Talento poético sempre em alta, nestes vôos da alma, que nos são dados a apreciar, por aqui, Manuel! Parabéns!
Beijinho
Ana

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