sábado, fevereiro 29, 2020

PERFIL DOS DIAS - Prémio Prof. Adriano Moreira - Fotos





Da Criação do Mundo...

Desprende-se o poema. Brevíssimo sopro.
Ou colisão ínfima que se agita. Inesperada.
Absurdo silêncio do Mundo.

Murmúrio de sarça. Arde. Inflamadas cores                 
Sobre a Árvore do Tempo. Ou toda a vida
No sopro do instante – meteórica luz divina...

Desprende-se o poema. Sem resguardo.
E nessa agitação volátil um breve prenúncio.
E o rosto invisível das coisas a rasgar
A finíssima placenta.

Que a Palavra então seja criatura
A aguentar o peso e as dores do Universo.
E testemunho vivo do humaníssimo

Gesto da Criação do Mundo.

Manuel Veiga

PERFIL DOS DIAS - pág. 88
Edição - Modocromia - Colecção "A Água e A Sede"
Lisboa Maio 2019

9 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Mas olha como ficou bela essa postagem, meu amigo Manuel! Poema de primeira grandeza, profundo, e as fotos estão ótimas, retratam um grande momento!
Parabéns, aplausos!
beijo, um bom fim de semana.

"Que a Palavra então seja criatura
A aguentar o peso e as dores do Universo.
E testemunho vivo do humaníssimo".

Olinda Melo disse...


Belos momentos aqui registados.
E este belo Poema, "Da Criação do Mundo", onde a Palavra
encontra o seu lugar, finíssima e inspirada. "Desprende-se.
Sem resguardo", dessa árvore do Tempo e do talento do
Poeta.

Os meus parabéns, amigo Manuel.

Abraço

Olinda

Ninfa Azul disse...

Es un placer infinito, tener el placer de leer tus poemas,solo puedo decir felicidades Poeta.
Un abrazo

Boop disse...

Muitos parabéns!
Que viva a poesia! ❤️

Majo Dutra disse...

Mais uma vez, as minhas congratulações, Manuel.
Gostei de te rever nesta feliz comemoração...
Procurei o teu neto...

Este texto que verbaliza o momento em que o poema
parte para o mundo, está muito bem poetizado e ficou
muito bem inserido na postagem.

Ao bardo, o meu beijo amigo.
~~~~~

Graça Pires disse...

Gostei de ver as imagens, meu Amigo. Pena não poder ter estado para te dar um abraço. Parabéns!
Um beijo.

Teresa Almeida disse...

Esta poema é iniciático e multidimensional. Mostra bem a grandiosidade do poeta.

Meu grande abraço de parabéns, amigo Manuel Veiga.

Ana Freire disse...

E que a palavra seja mesmo um instrumento ao serviço do Mundo... para o aperfeiçoar... já que a versão original deste nosso Mundo... veio com muitos defeitos da Fabrica da Criação... pelo menos, com um grande déficit em termos éticos... ao nível de valores, ideais, prioridades...
Um magnifico poema, Manuel, e muitos parabéns, por tão prestigiosa distinção!
Beijinho
Ana

Agostinho disse...

Os meus parabéns, Poeta!

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Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...