Na oceânica convulsão dos deuses, onde
Eros e Tanatos se confrontam. Em Servidão.
E desiguais armas…
No absoluto magma onde Luz e Sombra
Se fundem. E se confundem.
E oníricas formas se buscam
E se desenham os sinais e se atam os fios do Todo
Inominado ainda. E o Tempo é Sobressalto
Ruído surdo de Solidão e Vácuo.
Nesse lugar em que todas as finitudes são
Luminescências e Acaso - Vida e Morte que se anunciam.
E o Desejo se franqueia e se faz Corpo.
E o Absurdo se nomeia
Como Mito.
E a Palavra se anuncia.
Obscura. Ainda.
Na luminosa Improbabilidade em que erguemos
As colunas. E as aras. E as vestes.
E, trôpegos, deciframos os nomes
E separamos as coisas.
Soletramos também o Nada. E mergulhamos
Na Tragédia. E na Euforia. E no Prazer frustre.
E decaímos. E nos idolatramos. Divinos.
Fogo e Água. Traficantes. Heróis
E mártires.
E receptáculo dos deuses.
Por onde assoma o suor.
E a eterna Espera.
E a Mágoa.
Manuel Veiga
(Poema editado)
11 comentários:
A poesia escrita no seu mais profundo esplendor.
Simplesmente maravilhosa e poeticamente rica no seu contexto e conteúdo
Abraço
Neste espelho côncavo se transfigura um mundo em que buscamos as amarras como se quiséssemos encontrar estrelas distantes!
Aqui o poeta atingiu a plenitude em que as palavras têm sentido num código a ser decifrado.
Um poema vigoroso, meu caro amigo Manuel!
Deixo um abraço. Emudeci...
Mais um poema fantástico! :)
-
Beijos. Boa noite!
Por vezes ficamos sem palavras. Mudos perante a emoção do que vemos ou lemos.
Foi o que me aconteceu agora.
Abraço
Este é um poema editado,
Não sei quando foi escrito
Mas HOJE faz tanto sentido.
Tenho medo nos dias que correm do "não pensamento" - inclusiver do meu.
De que vença Thanatos em mim. E que não seja capaz de catalisar a angústia e ansiedade dos outros.
Que vença Eros em mim (Ou Ágape !)
És, assim, um livro aberto, arrojo de alma em toda a sua riqueza e versatilidade.
Na tua poesia plasma-se a mágoa e a alegria - oceânicas perplexidades.
Caminhar - poeticamente - a teu lado, é um privilégio enorme.
Um apertado abraço.
Não é nada fácil comentar um poema com tanta profundidade.
Parabéns pela excelência poética aqui bem expressa.
Caro Veiga, continuação de boa semana.
Abraço.
De uma invulgar e refinada beleza.
Belíssimo, único, meu amigo!
Um dos mais belos lidos aqui. Aplausos!
Soletramos também o Nada. E mergulhamos
Na Tragédia. E na Euforia. E no Prazer frustre.
E decaímos. E nos idolatramos. Divinos.
Fogo e Água. Traficantes. Heróis
E mártires.
Beijo, um bom fim de semana!
Os olhos confrontam-se com a realidade circular do seu próprio universo.
O vai e vem dos cristais é constante,
varados pela luz e pela ausência dela. Até que adoecem.
O ritmo do Poema é alucinante e os deuses confundidos descem à condição humana.
Muito bom, MV.
Abraço.
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