À
mesa das palavras umas quantas migalhas
Soltas.
E os ecos febris do banquete
No
palato e nos lábios
E
na desenvoltura
Das
línguas.
Caligrafia
das horas em que desenhámos
Alvoroços.
E nas palavras ora esparsas
Colhemos
o murmúrio daquelas
Então
ditas. Ou daquelas outras
Que
ardidas são lume. Ainda.
E
resistem…
Por
vezes glória. Outras vezes penas
Que
das palavras – bem sabemos –
Mais
que dizê-las importa o lugar
Donde
são ditas.
E
o tempo e o modo de colhê-las.
Ou
os sinais que encobrem
Interditas.
Manuel
Veiga
17 comentários:
«Que das palavras – bem sabemos –
Mais que dizê-las importa o lugar
Donde são ditas.»
Isso mesmo, poeta
isso mesmo
As palavras devem ser sempre mágicas, nunca interditas....
Pouco importa se falam de glória ou de penas.... as palavras têm que ser ditas...
Beijos e abraços
Marta
Sempre atenta "aos sinais que encobrem/interditas".
Abraço, Manuel.
Simplesmente belo! :)
-
O que diz o meu olhar
Beijos e uma excelente semana.
Como são fascinantes os trocadilhos das palavras, poeticamente escritas
Cumprimentos
Um poema muito interessante.
Abraço e uma boa semana, com saúde
"Por vezes glória. Outras vezes penas"
Tenho muito cuidado com palavras soltas, ditas sem pensar! Umas magoam muito, outras enaltecem demais, soam falsas. Já disse umas meio fora de esquadro, o pior é quando a gente vê o erro, tenta reparar e a coisa piora...
A situação pode ficar hilária ou triste.
As palavras são mágicas, e também uma arma poderosa.
Gostei muito, Manuel!
Uma boa semana, amigo, e cuide-se!
"Que das palavras – bem sabemos –
Mais que dizê-las importa o lugar
Donde são ditas."
Sabia y comprobada realidad de tu mirada, Manuel. Me ha gustado mucho la indagación que haces sobre el valor y la experiencia por el uso que hacemos de las palabras.
Obrigado.
Migalhas também é pão, como dói dizer-se. E nesse alimento para o espírito importa não desperdiçar nada.
Na ardência de Palavras vindas de lugares onde somos felizes nos reencontramos. São mágicas e fazem de nós melhores pessoas.
Pelo Poema, Caro Manuel Veiga. Adorei segui-lo nesse percurso poético.
Abraço
Olinda
Corrigindo:
Deve ler-se ..."como sói dizer-se".
Peço desculpas pelo lapso.
Abraço
As tuas palavras são sempre banquetes, que adornam o palato ao sabor dos teus desejos.
Soltas, presas, as minhas, nunca são interditas. São contrárias às de Eugénio de Andrade, como já te apercebeste.
Alvoroço, fogo, caligrafia e ortografia tudo fazemos, quando queremos. E resistimos.
Umas sabem a inverno, outras a verão, mas são palavras.
O tempo e o lugar são as coordenadas das palavras, das tuas e das minhas, de todos.
Gosto sempre do que escreves. Deveras!
É obrigatório conhecer a voz de Nina Simone, que não é do meu tempo, mas faz parte da cultura geral, pelo menos do ouvido e do tato. Gostei de fechar os olhos e sentir.
Abraço.
Os teus poemas são verdadeiros banquetes de palavras. Que degustação!
E importa onde e quando são ditas e o modo de colhê-las.
São elas o alimento primordial e a ascese dos sentidos.
Terno abraço.
Diz-me muito este poema.
(E mais não difícil...)
:)
"Por vezes glória. Outras vezes penas
Que das palavras – bem sabemos –
Mais que dizê-las importa o lugar
Donde são ditas.
E o tempo e o modo de colhê-las.
Ou os sinais que encobrem
Interditas."
Gosto muito destes versos. Para além da estética, uma simbólica forte.
Nina Simone!!
Tudo bem, amigo ?
As palavras são assim mesmo.
Gostei do poema, é brilhante.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.
E viva o 1º de Maio.
Caro Manuel,
Que estranha potência têm as palavras e quanto de magia vislumbramos na articulação ao fazermos uso delas no ato da escrita. E como soam tão bem quando resultam na exploração de possibilidades ao dizê-las. E aqui mais uma vez são (estão) benditas. Bem ditas!
Um grande abraço,
Um daqueles poemas que abrem margens para muitas interpretações, o que é muito bom, pois poemas onde todas as intenções são entregues como se estivessem sobre uma bandeja geralmente não são bons. É melhor quando há, também, o lado oculto do que queremos dizer com o que dizemos. Um abraço, Manuel.
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