segunda-feira, abril 20, 2020

MÍTICAS AURORAS - 25 de Abril, Sempre!


As utopias - dizem-me - são gastas.
Respiram a poeira das cavalgadas
E o acaso dos dias...

E o escombro dos impérios
E a persistência de dias adiados.

No entanto
Sei do esplendor das coisas possíveis
E da decantação das horas.
E que o perfume das madrugadas
Se alimenta desta espera.
E desta teimosia.

E deste húmus.

E da fumegante audácia que germina
Na grandeza de promessas
Enfim! - traídas.

E nestes cardos
Que os ventos soltam
Em redemoinho.
Como espinhos...

E sei ainda que lâminas e cânticos se afinam.

E que o abraço fecunda o ombro dos escravos.
E que os pulsos se rasgam. E o sangue lateja.
E que as agruras são semente.

E os caminhos se desbravam.

E que as ruas são torpedos – quando rios! …
E as flâmulas se incendeiam
Rubras.

E míticas as auroras.

25 de Abril, Sempre!

Manuel Veiga






17 comentários:

Lia Noronha disse...

Pura emoção...nos encantando!!!
Abraços carinhosos meus.

Lia Noronha disse...

Manuel: estava com saudades do seu cantinho..estava meio distante.mas retornei com força total!!!

Maria João Brito de Sousa disse...

Vinte e cinco de Abril, sempre!

Abraço, Manuel

Cidália Ferreira disse...

Estou revoltada com as comemorações do dia 25. A Quarenta e o estado de emergência supostamente seria para todos! Verdade?

Gostei de ler!
-
Ventos que me beijam o pensamento.
-
Beijos e uma tarde feliz!

" R y k @ r d o " disse...

Poeticamente perfeito. Delicioso de ler. O video, bem conhecido, mas sempre maravilhoso de ouvir

Viva o 25 de Abril SEMPRE.
.
Saudações amigas

Maria Rodrigues disse...

Palavras intensas e poderosas num poema sublime.
25 de Abril, Sempre!
Fique bem.
Beijos e abraços

José Carlos Sant Anna disse...

Caro Manuel,
Ser lembrado, para não ser esquecido.
Como uma onda sonora, 25 de abril. Sempre!
Um poema vigoroso a assinalar a luta e o que não se cumpriu.
A última vez que estive em Portugal foi por ocasião do 25 de abril de 2014.
Um abraço, caro amigo!

Emília Pinto disse...

Querido Amigo Manuel, há muito não venho cmas seria uma insensatez e ninguém acreditaria, dizer que é por falta de tempo; o tempo " sobra" o dia parece ter mais do que 24 horas e já me falta imaginação para saber o que fazer com ele; mas, também não é falta de imaginação e nem falta de afazres aqui em casa: sei que leste o poema de Fernando pessoa , no blog da nossa Amiga Olinda e com certeza também leste o que lá escrevi: estou numa fase em que entendo muito bem o sentimento do poeta quando o escreveu; estou nessa fase, nesse, " deixa para la", " que interessa ter tantos livros para ler", que " me importa o tanto que preciso de ardumar"; quero só ficar assim, olhando, observando, admirando aquilo a que não dava muita importancia ; isto passa, mas há que ter vontade, pois esta " clausura, apesar de ser numa prisão " de luxo " cansa. Estou cansada, sim por mais que entenda que assim tem de ser. Não sou pessoa de me assustar muito com as coisas e não entro em pânico, mas as noticias não param e parece não haver outro assunto no mundo e isso acaba por amedrontar de tal forma as pessoas que até se esquecem de tratar as doenças que têm, muitas vezes graves. Quanto ao Vinte e cinco de Abril, Manuel, estudava no Porto quando aconteceu e portanto vivi-o de perto ; tem que ser lembrado sempre e é pena que muitos dos nossos jovens pouco saibam dele. Vai ser comemorado de uma forma estranha e não sei se a maneira escolhida foi a mais sensata. Não vamos poder continuar refens do virus, temos de comecar a sair as ruas o mais protegidos possivel, mas também não sei se ele poderia ser festejado na rua ou numa praça, com os devidos cuidados. Muito dificil a decisão, tenho de concordar. Mas o que importa, Manuel é que o dia seja lembrado e parece que vai ser. Um beijinho e desculpa a ausência. Fica bem e com os devidos cuidados.
Emilia

Manuel Veiga disse...

Emília, minha amiga
compreendo perfeitamente o que diz e o estado de espírito
que esta situação que diria "anti-natural" (natural é socializarmos) projecta nas pessoas, sobretudo as mais sensíveis, mas se me permites direi que não nos podemos deixar abater e ficar paralisados pelo medo.

e comemoremos o "25 de Abril". Sempre!
onde estivermos. e como pudermos!

cuida-te bem, amiga
beijo

Pedro Luso de Carvalho disse...

Gostei muito deste seu poema, caro amigo Manuel.

Fico a imaginar a emoção de muitos dos seus leitores diante desse primoroso poema, com a sua abordagem poética desse tema, certamente muito importante para muitos dos nossos irmãos portugueses.

Uma boa continuação da semana, com saúde.

Grande abraço

Teresa Almeida disse...

Que bem acompanhados por José Mário Branco!
E tudo se encontra e se afina na palavra de quem sente intrinsecamente os valores de Abril. De quem sente "o esplendor das coisas possíveis..." De quem semeia a luta no corpo do poema.

25 de Abril sempre!

Parabéns, meu querido poeta Manuel Veiga.

Abraço arrochado.

Tais Luso de Carvalho disse...

Meu amigo Manuel, quero deixar aqui - nesse tão belo e significativo poema - meu abraço e meu carinho a você e aos nossos queridos irmãos portugueses que tão bem queremos.
Uma boa semana,
Beijo, cuide-se.

Ailime disse...

Boa noite Manuel,
Um poema de superior qualidade para celebrar Abril, uma data que jamais esqueceremos.
Eu estive no Carmo, naquela memorável manhã e tudo me ficou gravado na alma.
Viva o 25 de Abril!
Beijinhos,
Ailime

Olinda Melo disse...


Caro Manuel Veiga

Belo e necessário Poema de reafirmação dos valores de Liberdade conquistados em 25 de Abril de 1974.

Onde quer que estejamos, festejemo-lo em nossos corações ou em público se tal for possível, nesta conjuntura.

Desejo-lhe saúde.

Abraço.

Olinda

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

MV

um poema que é um grito de memórias

video muito bem escolhido

gostei

25 de Abril Sempre!

:)

lis disse...

Quando estive em Lisboa (em pleno 25 de abril), passei por um sebo numa rua e comprei um livreto sobre a data.
Não sei o nome da rua estava naquela de passear e nomes nao importava rs e as comemorações eram esparsas_ quase nao se percebia.Mas, havia!
Gosto desse orgulho que os portugueses tem pela data heroica.
Interessante,acho que tenho uma alma portuguesa também.
Lindo poema, Veiga
_e que os cravos rubros perfumem o 25 de abril!
com abraço

Agostinho disse...

Míticas auroras
As utopias renascem
a cada dia.
Belíssimo o teu cantar
para dizer liberdade

Abraço

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