Na implosão de cravos fincam-se as raízes e a cor
Em bandeiras de luta – que os dias são ávidos
E o Futuro esgravata-se corpo a corpo
Nos trilhos e agruras do Presente.
E, neste tempo circular, mais pesado que chumbo,
Os muros são escombros a afirmar
O fracasso e a anunciar o estertor
De mitos poluídos.
E, no entanto, no arrepio dos dias uma memória
Perfumada. Uma pulsão e uma vertigem
A explodirem nos olhos
Que a Liberdade não tem métrica que a aprisione
Nem claustro, nem norma, nem mestres, nem barreiras
Que a detenham – fogo puro!
E ergue-se nas bocas, com seu nome de Igualdade,
Em apoteose de flor sanguínea tatuada
No corpo imaculado
Dos dias do Porvir.
Cristal aceso. Em noites de alvoroço
E no luzeiro das auroras.
Manuel Veiga
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