domingo, maio 25, 2025

FLOR SANGUINEA


Na implosão de cravos fincam-se as raízes e a cor

Em bandeiras de luta – que os dias são ávidos

E o Futuro esgravata-se corpo a corpo

Nos trilhos e agruras do Presente.


E, neste tempo circular, mais pesado que chumbo,

Os muros são escombros a afirmar

O fracasso e a anunciar o estertor

De mitos poluídos.


E, no entanto, no arrepio dos dias uma memória

Perfumada. Uma pulsão e uma vertigem

A explodirem nos olhos


Que a Liberdade não tem métrica que a aprisione

Nem claustro, nem norma, nem mestres, nem barreiras

Que a detenham – fogo puro!


E ergue-se nas bocas, com seu nome de Igualdade,

Em apoteose de flor sanguínea tatuada

No corpo imaculado

Dos dias do Porvir.


Cristal aceso. Em noites de alvoroço

E no luzeiro das auroras.


Manuel Veiga


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