quarta-feira, maio 28, 2025

DESFAZER DA TENDA

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Desfaz a Tenda dos Milagres, poeta

Pois que, a ti, te bastam os ecos

E o topo das montanhas

Que são vertigem…

 

E afasta este azul nítido

Tão líquido azul que magoa. E se perde

Lá ao fundo…E “o sonho do sonho” …

E a asa. E o golpe que por vezes assoma –

Verso que desponta no reverso

E inebria…

 

Esquece o beijo dos amantes.

E os dias de verão

E o declinar das horas

No teu velho relógio de pêndulo

Pois que este vinho perfumado

E este lastro antigo

É quanto te bastam

No cair da noite

Que se aproxima! 


Manuel Veiga



                    

2 comentários:

Olinda Melo disse...

Belo poema, Manuel Veiga.
A noite que se aproxima será
benigna, motivo de muita inspiração para o Poeta. Na Tenda dos Milagres operar-se-á
a mistura dos eflúvios que adornarão a passagem dos dias.
Bom fim de semana, meu amigo.
Abraço
Olinda

Maria João Brito de Sousa disse...

belíssimo poema! Um abraço!

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