domingo, abril 17, 2016

ASAS DE CERA...


Por vezes, em seu desenfado, os deuses elevam
As humanas criaturas á vertigem do prodígio
Onde o incauto poeta mergulha até à raiz 
Em bebedeira de Sonho…

Então os deuses em cínica crueldade
Estendem o cálice da Insónia como quem
Distraído lembra as asas de cera
Com que os mortais são feitos…

Ou, em suaves folguedos, recordam aos insanos
Que a morte se inscreve, gloriosa,
No âmago da Vida…

Manuel Veiga






7 comentários:

AC disse...

Correu bem, tenho a certeza. Sem enfado dos deuses.

Abraço

Shirley Brunelli disse...

Poucos sabem que tem asas de cera e que a morte se aloja no âmago da Vida.
Beijos, Manuel!

Gisa disse...

Bêbeda de sonho, amei. Um bj querido amigo

Graça Pires disse...

"Que a morte se inscreve, gloriosa,
No âmago da Vida"
Li este teu belo poema a ouvir o Adriano.
Asas de cera temos todos, só que uns pairam mais perto do sol que outros...
Foi linda a tua Festa.
Um beijo, meu amigo.

Laura Santos disse...

Ai de quem não tenha em si a ousadia de um Ícaro! Algo de inerente à nossa condição de mortais. Aspirar à grandeza dos deuses para viver e morrer como verdadeiros homens.
Porque como diz A. Gedeão "Não há poder que me vença/ mesmo morto hei-de passar".
Muito belas estas Asas de Cera!
xx

José Carlos Sant Anna disse...

Ainda bem que tenho um destino igual aos outros, poeta.
Já apanho as minhas asas de cera e atravesso o oceano para devorar o Esplendor das coisas possíveis do outro lado como se tal fosse possível...
Abraços,

Suzete Brainer disse...

Belíssimo poema em pura inspiração!!

"Em bebedeira de sonho..."
Uma entrega libertária na ultrapassagem das
paredes sólidas "aprisionadoras" da realidade.

Quando se encontra o espaço criativo no prazer onírico,
a insônia estratificada como uma "censura" a dissolver
as asas para o voo desejado, assim a "morte" se inscreve,
como se morrer fosse em vida!...

A tua poética é encantadora, Manuel!

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