Por vezes, em
seu desenfado, os deuses elevam
As humanas
criaturas á vertigem do prodígio
Onde o incauto
poeta mergulha até à
raiz
Em bebedeira de Sonho…
Em bebedeira de Sonho…
Então os deuses em
cínica crueldade
Estendem o
cálice da Insónia como quem
Distraído
lembra as asas de cera
Com que os
mortais são feitos…
Ou, em suaves
folguedos, recordam aos insanos
Que a morte se
inscreve, gloriosa,
No âmago da
Vida…
Manuel Veiga
7 comentários:
Correu bem, tenho a certeza. Sem enfado dos deuses.
Abraço
Poucos sabem que tem asas de cera e que a morte se aloja no âmago da Vida.
Beijos, Manuel!
Bêbeda de sonho, amei. Um bj querido amigo
"Que a morte se inscreve, gloriosa,
No âmago da Vida"
Li este teu belo poema a ouvir o Adriano.
Asas de cera temos todos, só que uns pairam mais perto do sol que outros...
Foi linda a tua Festa.
Um beijo, meu amigo.
Ai de quem não tenha em si a ousadia de um Ícaro! Algo de inerente à nossa condição de mortais. Aspirar à grandeza dos deuses para viver e morrer como verdadeiros homens.
Porque como diz A. Gedeão "Não há poder que me vença/ mesmo morto hei-de passar".
Muito belas estas Asas de Cera!
xx
Ainda bem que tenho um destino igual aos outros, poeta.
Já apanho as minhas asas de cera e atravesso o oceano para devorar o Esplendor das coisas possíveis do outro lado como se tal fosse possível...
Abraços,
Belíssimo poema em pura inspiração!!
"Em bebedeira de sonho..."
Uma entrega libertária na ultrapassagem das
paredes sólidas "aprisionadoras" da realidade.
Quando se encontra o espaço criativo no prazer onírico,
a insônia estratificada como uma "censura" a dissolver
as asas para o voo desejado, assim a "morte" se inscreve,
como se morrer fosse em vida!...
A tua poética é encantadora, Manuel!
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