terça-feira, março 12, 2019

GLÓRIA AO ALTIVO MELRO...


Glória ao altivo melro em sua sebe. Soberano príncipe
Catando a hora em reflexos de luz. E o viço de meus olhos
Abrindo-se no negro vertebrado das asas
Em timbre de azul...

O sol é apenas pretexto. E o voo a indolência.
Não a chama, nem o sobressalto, nem o “piolho da existência”.
Apenas a imprevisível ave rasgando o ar
E a tarde caindo resiliente...

Nem passado nem futuro. Imanente o sopro
E o aguilhão de minha ausência. E a secreta passagem
Entre a fugaz ave e a alma evanescente...

Talvez a sombra de Torga seja a árvore.
E o magoado sorriso de Caeiro
A indeclinável sombra…

Manuel Veiga
 (poema reeditado)

11 comentários:

Maria Eu disse...

Haja sempre uma ave e um voo na voz do poeta!

Beijinhos, MV :)

José Carlos Sant Anna disse...

O que se espera. O rompimento com a previsibilidade estar diante da efervescência milagrosa da poesia!
Valeu Manuel,
Um abraço,

Larissa Santos disse...

Maravilhoso poema:))

Hoje:- Caminhos da ilusão...

Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.

Olinda Melo disse...

Talvez apenas o presente que, no entanto, poderá trazer remanescentes do passado e aguilhões para o futuro.
Felizmente, temos o pensamento que voará livre de amarras em direcção à luz, se o deixarmos.

Sempre a surpreender-nos com os seus belos poemas, caro Manuel Veiga.

Obrigada.

Abraço

Olinda

Ana Tapadas disse...

Já li...mas a beleza merece a reedição! Também me parece que, para lá da poética, bem te define.
Beijo

Rosa dos Ventos disse...

Sou cuidadora de melros e de outos animais alados!
Habitam no meu quintal como se fosse casa sua!

Abraço

Pedro Luso de Carvalho disse...

A poesia dá-nos essa satisfação de viajar por mares impensados e invisíveis, que escondem as pérolas que incentivaram Georges Bizet para a sua criação de "Les pêrcheurs de perles".
Deste seu ótimo poema, amigo Manuel, destaco dois versos:

"E o aguilhão de minha ausência. E a secreta passagem
Entre a fugaz ave e a alma evanescente..."


Uma ótima continuação de semana, amigo Manuel.
Grande abraço.
Pedro

Tais Luso de Carvalho disse...

MANUEL,

Bela a abertura do poema cantando a beleza de um pássaro altivo, com tanto esplendor e colocando no desenrolar do poema toda a sensibilidade de poeta.

"Apenas a imprevisível ave rasgando o ar
E a tarde caindo resiliente..."

Beijo, amigo!
Uma ótima semana.

Como disse a amiga, vale ser reeditado!!

Teresa Almeida disse...

E o indeclinável momento captado na objetiva do poeta.

Gostei de encontrar Torga e Caeiro neste precioso cenário.

Beijo, caro amigo Manuel.

Ailime disse...

Que poema tão belo, Manuel!
Como comentário apenas a minha admiração por este elevado momento poético.
Um beijinho.
Ailime

manuela barroso disse...

A rebeldia e a rapidez do voo do merlo, aliada ao seu maravilhoso trinado, é um desafio à ausência da nossa pertinácia contra o encanto da sua rebeldia.
Decididamente só Torga o saberia descrever tão bem nas suas" gargalhadas em cascatas" no seu conto delicioso. de melro atrevido.
E como soubeste tão glosar esta deliciosas ave!
Beijinho, Manuel

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