Deixo o nosso engenheiro nas suas “ingenharias” de agente técnico, lá para os lados da Covilhã e da Guarda, que seus intelectuais (in)orgânicos se afadigam a limpar, como “causa sua”, varrendo-as para debaixo do tapete, como verduras da juventude, quando, reconhecidamente, são questões sérias de ética profissional...
E porque de higiene se trata, prefiro falar-vos das bastonadas do Bastonário, que grosso e alto, denunciou perante as mais altas instâncias do Estado, os males da nossa República. Um verdadeiro serviço público. Que nunca “a voz lhe doa...”
Excertos do discurso do Bastonário da Ordem dos Advogados na Abertura do Ano Judicial, em 29-01-2008:
“(...) Na sequência das transformações democráticas, económicas e sociais decorrentes da Revolução do 25 de Abril de 1974, fizeram-se leis progressistas e generosas em matéria de direitos e garantias individuais, de entre as quais emerge, naturalmente, a Constituição da República Portuguesa, mas as suas concretas aplicações esbarraram sempre (...) com a incapacidade do sistema judicial em assimilar o sentido progressista e humanitário dessas leis.
As consequências estão à vista. As nossas cadeias estão cheias de pessoas oriundas principalmente dos sectores mais desfavorecidos da população. Temos uma das mais elevadas taxas de reclusão de toda a Europa senão mesmo a mais elevada. A pobreza e a exclusão social são as principais causas dessa triste realidade.
(...) Nas cadeias portuguesas, pessoas cumprem penas de dias de prisão, unicamente porque não têm recursos económicos para pagar a multa que substituiria essas penas. E como não têm dinheiro pagam-nas com a liberdade.
(...)
Há um sentimento generalizado na sociedade portuguesa de que o sistema judicial é forte e severo com os fracos e fraco, muito fraco e permissivo com os fortes. (...) Fazem-se negócios de milhões com o Estado, tendo por objecto bens do património público, quase sempre com o mesmo restrito conjunto de pessoas e grupos económicos privilegiados.
E muitas pessoas que actuam em nome do Estado e cuja principal função seria acautelar os interesses públicos, acabam mais tarde por trabalhar para as empresas ou grupos que beneficiaram com esses negócios.
(...)Existe na sociedade portuguesa um sentimento generalizado de que a corrupção e o tráfico de influências - dois dos delitos que mais ferem o Estado de Direito – se entranharam nas estruturas do Estado. Não há uma obra pública, seja qual for o seu valor, que seja paga, a final, pelo preço por que foi adjudicada. É sempre superior. (...)
Na Assembleia da República (...), nos seus gabinetes e corredores, circulam interesses de duvidosa legitimidade, envoltos em opacidade e mistério e que não raro se traduzem em opções legislativas, que ninguém compreende e ninguém esclarece.
(...)
Quem faz leis no Parlamento não pode estar ao mesmo tempo a aplica-las nos tribunais. Quem faz leis não pode ter clientes privados eventualmente interessados nessas leis, pois senão pairará sempre a suspeita legítima de que muitas delas possam estar mais voltadas para os interesses dos clientes de alguns dos legisladores do que para o interesse público e o bem comum.(...)”
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Quanto às “ingenharias” do nosso engenheiro, “se cá nevasse, fazia-se cá ´squi"!...
Valha-nos o sol. Não se deprimam. Bom fim-de-semana!...
sábado, fevereiro 09, 2008
As bastonadas do Bastonário...
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28 comentários:
Não me digas que tiveste o incomensurável desprazer de "conhecer", em formato digital, algumas das "obras" do nosso engenheiro, neste caso, das obras mal-feitas!
É que eu tive. Umas perfeitas aberrações, espalhadas por terras bem próximas daquelas onde viveram e nasceram os meus antepassados...
Quem terão sido os arquitectos que se atravessaram nos projectos? Presidentes de Câmaras estavam identificados...
Sem comentários.
[Beijo]
Pois...o contrário são sardões, lagartões até crocodilos de dentes afiados. Mas ao menos que ficassem lá no habitat deles...
Cada vez sei mais e cada vez quero saber menos!
Bjinhos
E as porcarias das casas envergonham qualquer mestre de obras... Não admira que isto esteja assim, feio, sem gosto, molengão, tristonho, atolambado, afanicado...sei lá que mais.
Nesses casos, prezado Herético, acredito que bastonadas de fato, isto é, bordoadas com bastão, seriam mais eficazes. Aí em Portugal, aqui no Brasil, e em qualquer lugar do mundo.
Abraços!
Felizmente que vozes bem situadas já começam a chamar os bois pelos nomes. Só não os lê quem não quer.
Eu ainda vou tendo fé porque «há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não».
Um abraço
essa da causa foi muito directa eheheh ... percebe-se ehehehe
quanto às casas...enfim (no comments)más demais...voto na discussão do sentido estético da coisa...
o bastonário (outsider em relação às famílias tradicionais)...bota a boca no trombone...só espero que num assomo de entusiasmo não bote tudo a perder...assim tá bem.
O bastonário foi corajoso. Muito, mesmo. Porque neste país, hoje em dia, tem consequências dizer o que ele disse. Felizmente há quem não tenha medo.
Quanto ao "ingenheiro", parece começar a não haver dúvidas das falcatruas e falhas de carácter. Não será por isso que o Governo vai abaixo, de certeza... Este país é muito tolerante, naquilo que não deve ser.
Até dá gosto ouvir o bastonário. Felizmente que ainda há gente sem papas na língua. Mas... será que vem a sofrer as consequências do que vai dizendo? Espero que não.
esse sentimento não é só impressão, há mesmo grande promiscuidade entre famílias de agentes políticos, a sua impunidade é simplesmente escandalosa, como podemos nós cumprir os mandamentos? está tudo inquinado...e diziam que o que diferencia a esquerda da direita é a transparência, transparência uma ova!
manhã,
mas vês esquerda no governo? apenas a enxergas com óculos cor de rosa...
o que certamente não é caso...
Gostei das bastonadas mas espero a continuação. Se ficar por aqui são apenas " tiros para o ar". Há verdades que têm de vir ao de cima. Com nomes!
Gosto da tua presença lá por casa. Vem ver o mar!
Beijos
pelo menos um dos argumentos depois do PSD é que este governo era mais à esquerda, mas isso já nem faz sentido, o que faz sentido é que as medidas em catadupa que largam das mãos sobretudo na área da educação são de uma estupidez e de uma falta de bom senso que só dava para rir se infelizmente não desse para chorar!
Boa recolha
abraço
desculpe....mas o bastonário falou e falou bem.!!!!
nada de novo mas dito assim em todas as TVs até fez eco.
e
plim!
boa noite.
beijo.
mas não de "apito dourado".
.
obrigada.
pelo coment...
Meu amigo, como tens razão !
Agradeço-te a partilha das palavras tão importantes de Marinho Pinto.
Fica bem!
E foram tantas as vozes que se insurgiram qanto á sua postura ... cmo se ele tivesse vindo dar alma novidade, como se já não tivesse saído em tantos jornais o que ele disse acrescentando uns nomes á lista.
Que pena não existirem mais destes que não receiam denunciar . Gente vertical é o que faz falta. Quanto ao engenheiro nem falo mais, já ri ao ver as obras agora só lhe critico as obras presentes. Toda a gente (ou quase) tem esqueletos no armário, devem começar a ponderar quando se canditatam a cargos destes...
Raio de país cada vez mais doente. E eu que gosto tanto dele!
beijinho
Bem, tu não paras! ...
Beijinho
pois...
e se se abanassem as pessoas
pra ver se caía...algum fruto,
sei lá...se crescíamos todos
juntos!
sei. sei que é uma miragem...
beijO. inquieto...
A esperança será sempre a ultima a morrer, e não posso acreditar que serei (seremos) os unicos a ver como o nosso jardim à beira mar plantado, está, degradado, sujo, corrupto, e se os senhores ingenheiros que tomam conta do jardim levarem umas bastonazitas, não lhes faz mal nenhum, o pior é que não são as suficientes para lhes fazer "bem".
Eu ouvi as "bastonadas" e confesso que concordo com muitas delas.
Um abraço.
Tenho cá uma vaga impresão que este bastonário, por este (bom) caminho, não vai durar muito!
E quanto ao agente técnico, só merece desprezo
Uma voz sonante, verdade! E corajosa! Muito corajosa! Gosto dos que não temem dizer a verdade num país tão 'acovardado'...
E o país continua tão mesquinho! Tão avaro para os 'desprotegidos'!
Só lamentei ter 'partidarizado' em certo momento! Deveria ter separado os 'cestos'... esse quinhão 'deixou-me' na dúvida de algumas coisas, mas...
...Sim... valha-nos o sol! Sempre lindo!
Um beijo
Boas
Parece que o Bastonário tinha razão nas bastonadas.
Logo apareceu o Jornal Público com tema para o "nosso Primeiro" se por a geito para apanhar umas valentes bastonadas.
Só que logo apareceu o Sr. Costa, Presidente de Camara, a tratar mal jornal, director e jornalista, que infanmemente acusam o Sr. Engenheiro das beiras de assinar projectos de fraca categoria e ser grande amigo de outros que não tinham assinatura para prespegar nos desenhos, com isto tudo e até o Belmiro ouviu das boas.
E ainda anda por ai um tal de Harnau a defender o tal engenheiro benemérito.
Tudo "colegas" do tal assinador de desenhos de mamarrachos, que tem o oficio politico profissional à mais de 20 anos.
E esta hei!
Fiquem bem
Herético
Está tudo dito e pouco me resta acrescentar. Reforço apenas a ideia de que PS e PSD, responsáveis pela governação, conseguiram tomar conta do aparelho de Estado, e de todos os lugares chave nos mais diferentes quadrantes, minando a credibilidade e iludindo os fumos da corrupção com o domínio que exercem.
Com estes partidos, seja qual for a cosmética que se lhes faça, não vamos a lado algum.
Um abraço
Os comentários de Marinho Pinto só vêm provar que ainda existem pessoas frontais, que não têm medo das palavras.
Infelizmente cada vez existe menos gente não-amordaçada.
Se não falarmos, seremos todos coniventes. Por isso aplaudo atitudes como a dele.
Saibamos cada um de nós, no seu pequeno mundo, seguir-lhe o exemplo.
"Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".
Já dizia o poeta e é esta a minha esperança.
Abraço
Venho impressionada com a foto de Fidel no Belzebu, a sério.Aqueles olhos...
Bom, para ti o meu abraço.
ESTE PLANETA É UMA ANEDOTA!
Da. MARIA
Pois se cabe ao bastonário usar o bastão, que o ímpeto não lhe esmoreça!...
Entretanto e a bem da democracia - que se vai tornando difícil de definir - que cada um dos votantes que propiciou esta maioria de má morte, depois de roer as unhas até aos cotovelos, que bata com a cabeça numa parede, em expiação de pecados... Talvez o impacto lhe propicie alguma nova ligação neuronal que o espevite para as próximas eleições!
Um abraço.
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