Esplêndido o relâmpago e voo das aves
E o estertor do grito nos abismos do silêncio
E as impolutas neves e os fundos vales.
E as máquinas modernistas celebradas em poema.
- Meteóricas claridades!...
(E também o senhor Álvaro de Campos, engenheiro...)
Gloriosos são os tempos sem memória
E o gesto puro que se esgota no nada que é tudo..
E a altivez das estrelas em seu gelo derramado
Na profusão de brilho sem mistério...
Dor mater dos medos na inocência das crianças
Virginal o pudor dos passos que se abrem.
E a espera das amoras antes de acontecerem.
E as palavras escavadas. E o fogo das rochas.
E a líquida emoção das horas suspensas nesse enredo...
Gloriosas são as águas no ventre das montanhas.
E as viagens dos barcos. Soberbos os guindastes.
E o camartelo arrancando chispas nas margens do futuro...
Glorioso o pão e vinho. E as máquinas. E a opulência das estátuas.
E a febre dos archotes rangendo fúrias...
(in)Úteis Odes Triunfais. Minervas sem alma.
Gares e os cais. Desertos. Que não sendo certo
São toda a gente em toda a parte embora!...
domingo, outubro 25, 2009
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13 comentários:
Nunca haverá inutilidade na leitura do que escreve.Em tudo a qualidade, a iluminura, o verbo acerto.
Fraterno abraço
Mel
fabuloso poema!
(mal comecei a ler, pensei em Álvaro de Campos, pela referência às máquinas, ao modernismo.)
abraço :)
Num poema mais do que útil.
Abraços
Soberbo!
Beijos
... como se sente o 'pulsar' de Pessoa/Álvaro de Campos, em teus versos!
Intenso, descrente, desiludido!? Belo! Um jogo de tropos e imagens, palavras 'escavadas' na paisagem do real!
'E a altivez das estrelas em seu gelo derramado
Na profusão de brilho sem mistério...'
Um beijo afectuoso,
Pelo olhar sempre presente, apesar da minha 'ausência', muito sensibilizada!
Gostei. Um abração, kamarada. E já agora uma visitinha ao meu condomínio.
Um extremamente útil poema, na medida em que o "nada que é tudo" nos preenche de beleza. À volta de Álvaro de Campos, construiste a tua habitual qualidade poética. **
O belo é útil... o belo triunfa.
Bela a tua poesia.
Beijo grande
Excelsa homenagem ao heterónimo.
Tenho estado meio ausente destas lides, mas chegar aqui e encontrar-te assim, é um prazer maior!
Obrigada por me teres lembrado Armando Silva Carvalho de quem ainda não li o livro que lhe mereceu o prémio APE, mas está na calha. Como outros, só o meu tempo anda sem tempo, eheh!
Abraço
Forte.De um dramatismo e lirismo marcante. Gostei.
Bom fim de semana,
abraço
Uma ode soberba a esta inÚTIL Humanidade.
Poema de um esplêndido fôlego. Com a tua marca inequívoca.
Um beijo.
Gostei muito.
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