Passamos o caudaloso rio como se a corrente
Fosse sereno magma ou leite em que as vestais
Mergulham em banho de incensos e pétalas.
Ou cativos, bebêssemos o vinho tépido dos restos.
Migalhas. Ou inútil oração de anjos
Fossemos. Ou festim de demónios vencidos...
Amamos sôfregos de amores.
Por vezes fingidos na melancolia das tardes
Antes de anoitecer.
E redimimos as palavras no corpo do Desejo.
Como absolutos beijos. Sem futuro.
E por isso tão ternos e tão voláteis.
E na ascentral pulsão de antigos donos
(Oficiantes de um Tempo indelével na memória)
Ardemos. Herméticos e vencidos.
Caligrafia sem nexo em que nos jogamos.
Orgulhosos.
14 comentários:
o vinho das palavras bebe-se com absolutos beijos... plagio e subscrevo :) um beijo, heretico*
Dá para pensar
É assim...
Há poemas que nos moem a alma
e nem por poema ser
nada em mim se acalma.
E sós. Longe do tempo do vinho e outras rosas (que não estas).
Abraço
Que lhe dizer, Herético, do que escreve?
É sempre de uma qualidade maior. De uma sensibilidade maior.
Bem-haja, pois, pela partilha.
Fraterno abraço
Mel
Bebo-te as palavras...
Beijos*
Vinho tépido, verde tinto com açúcar, fez-me recordar os velórios no Minho da minha infância. Voltamos aos tempos dos funerais colectivos.
Abraço
Um tempo assim... de restos.
Ousados ainda para nos jogarmos na "caligrafia sem nexo".
Muito bom, Amigo.
Umbeijo.
vinho tépido e petalas de rosas...
gostei!
um bom fim de semana
beij
Herético,
Como sempre foi, desde a primeira vez que li teus versos, eles me calam e se aprofundam em minha alma...e, correm pelas veias onde o sangue se espraia como o correr dos rios e a vermelhidão do vinho...
Grande abraço, poeta...belo, belo poema.
Genny
Dizem que "o vinho é o melhor lugar pra se encontrar com os amigos" e melhor
... dá força ao coração , calor ao rosto , tira a melancolia , alivia o caminho , dá coragem .
esse seu "vinho tépido" está como beijos . Absolutos e doces.
que lindo poema heretico!
quero muito algo assim indelével.
te abraço agora e desejo boa semana
Muito bem!
:)))
Poema muito belo e nobre, a revelar-nos a visão profunda de uma humanidade (por oposição a divindade) que a todos contamina...
Sentido abraço
Do teu vinho bebo as palavras
sábias
até às cinzas
Abraço
Daqui ergo, também, a taça: - À tua, meu caro!
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