Foi publicado em
25.08.2011, no Jornal Oficial da União Europeia, o parecer do Comité Económico
e Social Europeu - CESE sobre a denominada “Plataforma Europeia contra a Pobreza e a Exclusão
Social”.
Bem sabemos a distância
que separa a previsão das disposições legais, naquilo que eventualmente possam
preconizar de alargamento ou consolidação dos direitos humanos e a prática
concreta das instituições.
É assim na ordem jurídica interna. E é assim, por
maioria de razão na União Europeia, onde as instituições jurídicas e políticas
estão ainda mais envolvidas por uma teia de interesses e lóbis que asfixiam, à
partida, quaisquer veleidades de progresso social.
No entanto, julgo que
vale a pena conhecer o parecer em causa. Não apenas pela caracterização que faz
da “pobreza”, mas sobretudo, pela contradição evidente que revela, entre as
propostas de políticas económicas em curso na União Europeia, que arrasam os
países e as sociedades e as políticas de “combate à pobreza”, que preconiza.
Ficamos assim a saber,
porque plasmado em documentos oficiais da UE que as pessoas vivem em situação
de pobreza “são muitas vezes excluídas e
marginalizadas da participação em actividades (económicas, sociais e culturais)
que são habituais para outras pessoas, podendo
o seu acesso aos direitos fundamentais ser restringido.”
De assinalar,
particularmente, a ligação das situações de pobreza à violação dos direitos
humanos, o que corresponde às mais modernas perspectivas da problemática dos
direitos do homem e da sua consagração universal. Pena é que tais enunciados
sejam apenas ideologia jurídica,
espuma das boas intenções que brevemente se desfaz, perante as alegadas
contingências da “crise” e os ditames dos sacrossantos mercados.
Como o documento revela
(e tem sido publicado) mais de 80 milhões de pessoas vivem na UE abaixo do
limiar da pobreza, das quais mais de 50 % são mulheres e 20 milhões são
crianças. Embora seja importante dispor de dados estatísticos sobre a pobreza
material, é também importante reconhecer a existência de uma pobreza
intelectual, como, por exemplo, a iliteracia.
Apesar de tudo, o
Comité Económico e Social Europeu - CESE formula algumas recomendações, de que
se exige fazer delas instrumentos de luta, designadamente, no que se refere à
redução das desigualdades e ao cumprimento dos direitos fundamentais, mediante
uma repartição mais justa do rendimento.
Nesta perspectiva, as
medidas de austeridade não devem agravar o risco de pobreza, sendo necessário
avaliar eficazmente o seu impacto social...
Assim rezam documentos
oficiais na União Europeia. Importa, como Santo António, continuar, sem
desânimo, a pregar aos peixes...
ver: CASE
3 comentários:
Eles falam, falam, ou se falam, mas continuam quedos...
Abraço
Mais uma cimeira, mais uma corrida...
"sabemos a distância que separa a previsão das disposições legais, naquilo que eventualmente possam preconizar", acrescento, se não parecer redundante: a disposição em querer fazer de fato!
beijo!
;)
(não, ainda pensam que eu sou um robô)
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