Como se sabe, Portugal, depois de um período de transição e de “ajudas de pré-adesão” formalizou a entrada na então denominada CEE, em 12 de Junho de 1985. Em 1 de Janeiro de 1999, foram fixadas as taxas de conversão das diversas moedas e, em 1 de Janeiro de 2002, entraram em circulação nos países da Zona Euro as notas e moedas do euro.
Sabe-se que, entre nós, o processo de
adesão foi acompanhada de uma formidável operação ideológica, autêntico rolo
compressor sobre todos aqueles que pensavam de maneira diferente e sensatamente
chamavam atenção para os perigos de perda da soberania monetária.
Atrelar uma
economia débil e frágil às economias do centro da Europa, ao serviço das quais
a nova moeda – o euro – fora instituído seria a consumação da famosa metáfora
da “panela de ferro” e da “panela de barro” acorrentadas e lançadas nas
caudalosas águas de um rio.
Hoje, grande parte das nossas
dificuldades, decorrem dessa alienação da soberania e da impossibilidade de o
País criar moeda, como até os maiores fundamentalistas do euro são obrigados a
reconhecer.
Razão antes de tempo tem destas
ironias...
Assim, na lógica que decorre da crítica
ao processo de integração europeia, há que defenda que, face à conjuntura
actual e às dificuldades presentes, o País deveria abandonar zona euro.
Confesso a minha perplexidade. Foram de
uma meridiana clareza os argumentos económicos e políticos que se opunham ao
processo de adesão, que apenas a intensa “barragem ideológica” não permitiu que
fossem compreendidos.
Contudo, a saída do euro seria, na
actual conjuntura, um insensato tiro, não digo nos pés, mas certamente na
cabeça. Bastará recordar duas ou três evidências de bom senso.
Desde logo, porque desde 1985 até hoje,
muita água passou debaixo das pontes. A panela de barro está completamente
escaqueirada e não há maneira de lhe juntar os cacos. A indústria, agricultura
e as pescas foram literalmente siderados. De tal forma que hoje o País está
completamente dependente do exterior.
O País importa presentemente cerca de
4/5 da energia que necessita e não se vislumbra que, nos próximos tempos, como
resolver este problema. Por outro lado, importamos mais de 70% de produtos
alimentares.
As exportações portuguesas estão muito
afuniladas nos países da UE, (em 2010, ¾ das exportações teve esses destinos) cujas
economias se encontram em estagnação, pelo que não se alcança como as
exportações possam ser o motor decisivo do crescimento do País. Com ou sem
euro...
Acresce que o terceiro ano consecutivo
de recessão e de intervenção da tróica vão colocar a economia e o consumo
privado a níveis de 2005 e fazer o investimento recuar para valores de 20 anos atrás.
Não se alcança, pois, como o abandono do euro
e a desvalorização da moeda nacional poderão ser benéficos. Nenhum país
pode manter câmbios artificiais por muito tempo. Até eventuais benefícios a
curto prazo brevemente seriam neutralizados
pela concorrência de economias mais fortes, com custos de produção bem menores.
A defesa da saída do euro será, pois,
uma doce ilusão, ou amarga pulsão de desespero. Mas nem uma atitude, nem outra,
será boa conselheira.
Ao que se sabe, o próprio
primeiro-ministro quer a “refundação” (seja isso o que for) do memorando com a tróica.
É o reconhecimento implícito do desastre de tais políticas.
Há por isso que
prosseguir a luta e a mobilização cívica. Com renovada esperança, até à denúncia
do memorando e renegociação da dívida...
Ou seja, um novo governo que resgaste o País das políticas de submissão à tróica.
Ou seja, um novo governo que resgaste o País das políticas de submissão à tróica.
9 comentários:
O que me aflige é esse chamado rolo compressor jamais se avariar e funcionar sempre e segundo quem o manobra!!
Estou muito angustiada, mas não deixarei de lutar, de certeza!!
Um abraço
parece um beco sem saída, mas há sempre uma nem que seja arrasar o obstáculo... todos os caminhos parecem estar cercados, mas tem sempre que haver uma fuga, não para a frente, mas pelo derrube...ou se luta ou fica-se agrilhoado...
Um beijo, 'Herético'... já nem encontro comentário.
Na verdade não há alternativa à luta
Que fique o euro
com outras políticas
e este desgoverno para a rua
antes que o descalabro
provoque o desespero
Já vi um pássaro suicidar-se por um grão de areia
Abraço amigo
Entrar foi um erro. Sair seria um erro muito maior!
Abraço
Oi herético
Não entendo nada a respeito da política monetária do seu país,mal mal conheço o euro( cédula), que tenho na minha carteira ganhei de um amigo portugues, acho que estimulando ir gastá-la aí rs
Há muitas vozes a respeito assinalando as dificuldades neste processo.
As mudanças incomodam e assustam , mas pode dar certo.
Voltar ao 'escudo português' poderia quem sabe ser bom? rs
não me leve a sério ok? juro que nada sei e confio em ti e no que escreve,portando nada de 'submissão'rs
abraços heretico
Que seja o melhor para todos, sem ninguém se suicidar.
E resta-nos viver numa efémera ilusão.
Com o tempo, talvez chegue a recuperação, talvez.
A música é bonita, uma boa escolha para a ocasião.
É pena nem todos os portugueses, dizerem "gracias a la vida".
Não somos todos filhos do mesmo Deus.
pena comentário tão oportuno ficar anónimo...
A mesma chantagem que usaram antes usam agora.
Mas é certo que o quadro de referências é diferente.
Eles é que são os mesmos.
Abraço
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