Estamos aqui - no centro!
Que as margens são
mera circunstância...
E tu não foste apenas
desfiladeiro
Ou passagem secreta
das cavalgadas da história...No olhar da águia o abismo é alimento e a vertigem voo...
Gesto de cristal puro onde mora o brilho solar dos dias
Que os homens inscrevem talvez sem o saberem
Como meta no quotidiano de cinza...
Dizem-te derrotado no licor dos elogios
Como se tu fosses teu tempo apenas
Mal sabendo eles que a tua força não tem destino à vista...
E lá onde o coração
bate e o fogo se atiça
Como forja do tempo
onde a palavra se faz arma (E a lágrima poema) aí onde ombro com ombro
O suor das sementeiras e os cânticos se misturam
Se desenha teu rosto na pedra esculpida...
E outros homens e mulheres para além de ti
Gigantes de teu exemplo darão vida à tua luta...
Manuel Veiga
11 comentários:
Muito forte! E cheio de ternura.
Beijo.
A princípio, pensei em citar o verso mais bonito, mas, logo vi, que eu teria que transcrever o poema inteiro, pois, é todo lindo. Herético, grande abraço!!!
Na verdade meu irmão
O Homem e o poeta.
Abracinho
Ana
Uma bela homenagem!
Abraço
Meu querido Manuel,
Teus versos, tão fortes quanto ternos, me recordaram outros versos de um poema de um conterrâneo teu, talvez, também, um teu parceiro de idéias e valores:
Retrato do Herói
Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
e morre devagar de morte certa.
Homem é quem anônimo por leve
lhe ser o nome próprio traz aberta
a alma à fome fechado o corpo ao breve
instante em que a denúncia fica alerta.
Herói é quem morrendo perfilado
Não é santo nem mártir nem soldado
Mas apenas por último indefeso.
Homem é quem tombando apavorado
dá o sangue ao futuro e fica ileso
pois lutando apagado morre aceso.
Ary Santos – Poeta Português
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Como sempre, tua escrita me enleva.
Beijo.
Genny
Álvaro Cunhal será maior que todas as sombras onde se desenhar a sua esfinge. e, altíssimas (e o quão dignas), estas suas palavras que o nomeiam, o enaltecem.
sou-lhe, em absoluto, grata pela comoção que acabou de trazer aos meus olhos - bem haja.
Mel
meu caro!
Vim ler este excelente poema, tão oportuno e actual... e deixar-te o meu abraço...obrigado pela partilha.
Até Breve.
Véu de Maya
Um Herói do nosso tempo! Uma figura que vai ficar como uma marca indelével da História.
Abraço
uma justa e bela homenagem...
:)
Fabuloso poema!!!
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