sábado, março 15, 2014

Gota a Gota, o Calcário...


Gota a gota o calcário na persistência da água
Inaudível música a inundar o interior da pedra
Antes da forma...

O furor das catedrais são meus olhos
E as linhas que precedem a condensação das horas
Ainda fluidas...

E os invisíveis dedos no rosto das coisas
Que amadurecem na vibração das tempestades
Adormecidas...

Nada é eterno. Nem a voracidade das chamas
Nem o colapso dos gelos, nem a sedimentação dos dias
Nem o esplendor de montanhas sagradas...

Apenas o vigor de cada forma em novas formas.
E a infinita permanência do Sol. E a precária vontade
Dos homens...

E o adejar do poeta derretendo as asas...


Manuel Veiga

16 comentários:

jrd disse...

Grande Poema!

Quando estalactites e estalagmites se beijam, o sol estilhaça as asas do poeta mas a poesia permanece.

Abraço fraterno Poeta

Maria disse...

Levei. Para o Face.
Beijos.

Mar Arável disse...

Na verdade tudo se move

até o vento

Abraço sempre

Shirley Brunelli disse...

"Nada é eterno", a não ser, a energia cósmica, da qual tudo e todos são feitos...
Beijos, heretico e bom domingo!

lino disse...

Belo poema!
Abraço

Pearl disse...

Perfeito...


:)

Maria João Brito de Sousa disse...

Gosto muito deste poema, Heretico!


Ocorre-me fazer de conta que é uma interpelação pessoal e responder que tenho asas pequeninas e modestas. Asitas modestas, de pardal. Adejo sobre os telhados do bairro, não vou muito longe e não as derreto porque me queimo inteira. Prefiro assim. "Morro" cedo, mas "morro" ainda com asas integrais e "sem ter assinado o compromisso de ser esplêndida"...

Abraço grande!

Helena disse...

Apreciar os versos de Manuel Veiga é deixar a alma inundar-se com o que de mais belo possa existir no mundo da poesia.
Amigo, ausente da blogosfera por uns tempos... Não sei precisar quanto!
Sempre que possível estarei visitando os amigos queridos.
Deixo-te mimosas estrelas com meu carinho, desejando que tua vida seja sempre iluminada de sorrisos.
Helena

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

e o Poeta voa tanto ou mais do que os pássaros...

grande poema!

:)

Graça Sampaio disse...

Muito, muito bonito!! (Acho que vou começar a "roubar" estas pérolas...)

Beijinho

bettips disse...

(tinha lido "pela Maria-da-Ilha" e percebi de quem era ..., juntando nomes e ideias)
O sol cintilando nas asas que se abrem sobre a esperança. Que fiquem como uma bandeira.
Gostei muito.
Abç bettips

Graça Pires disse...

As asas do poeta não derretem. Elas nascem rente ao sol para aquecerem a esperança dos dias mais desesperados.
Um poema excelente, meu amigo, que sabes "ter nos olhos o furor das catedrais".
Um beijo.

Teresa Durães disse...

Quero crer que, sim, há eternidade em certas coisas. Nas palavras do poeta também

MS disse...

Gostei muito do poema ! E a imagética do poeta derrestendo as asas...

Beijos

lis disse...

Voam alto_ nossos afetos camuflados de pássaros.
E são lindos meninos!
Maravilhosa poesia ,
um abraço ao poeta Manuel

jawaa disse...


E o adejar do poeta queimando as asas...

Ícaro sonhador que tu és! Um poeta de mão cheia.
Abraço

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