Sob a dominância
dos escombros e dos dias gelados
Tacteiam os
dedos a fina película dos muros
Em que a
metamorfose da cal se desvanece
Como palavras
gastas ou fomes caladas
Sem reverso...
Profusão de
sombras por onde sobem nossas dores
Como larvas
tecendo o casulo e a teia
Na amargura dos
dias
E no degredo das
paisagens.
Clarins sorvendo
a alvura do silêncio
E sem mais
restar que o sopro
E a inversão
meteórica das vozes em polifónicos
Cânticos
calcinados...
Nada sugere
outra luz ou outra vibração
Que não seja o
lusco-fusco e a palidez dos dias saturninos
Ou auroras de
frio...
E no entanto o
grito sufocado dos dedos
E os lábios
gretados balbuciam inesperadas correntes
E águas soltas e
margens extravasando percursos
Percorridos.
Subtis incandescências
no topo das montanhas
Ou o delírio de
pássaros talvez
A balancear o
voo...
Manuel Veiga
8 comentários:
No inverso dos dias tempestuosos haja o grito, o delírio dos pássaros ou qualquer outra coisa que quebre as paredes surdas da noite.
Bj.
Quando ouvi isto dito
Acho que te vi com olhos de espanto
Poema-clarim
sorvendo a alvura do silêncio
Salvem-se os pássaros
no cante Alentejano
Que belo momento de poesia...
Excelente!
Beijo
Tão belo e tão profundo que só nos resta o sentir...
um poema alerta, com dores e sentires em cascata....
tão belo!
:)
Fantástico! Os dias não escurecem quando o poema é um relâmpago.
Abraço meu Irmão Poeta
Simplesmente soberbo. Uma catadupa de emoções. Serão os pássaros a salvação que resta?
abç amg
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