Sucumbiu a
Palavra. Apenas um timbre rouco prevalece.
A semântica é
agora eco de retumbantes sinais
Que entram garganta
adentro. E sem piedade
Sufocam as sílabas
luminosas de um qualquer poema...
Não há mais
lugar a transitivos espaços.
Nem a morfemas
em seu percurso de eternidade.
Nem a inocentes
olhares no exercício percursor
De inesperadas
formas.
Tudo agora é
pré-datado. Com prazo de validade à vista.
Uma morfologia plasmada
de absurdo inverte
As
circunstâncias. De lugar e tempo.
E o Cântico cristaliza
como uma ave
Empalhada...
Os olhos foram feitos
não para o milagre da Diferença
Mas para a
atonia da banalidade. Eufóricos apenas
Os insidiosos
néons omnipresentes
E as sombras
projectadas
No vazio...
Somos este écran
deformado onde esgravatamos
A solidão. E nos
rendemos. Abismados.
Ao esplendor do
Espectáculo. Átomos perdidos
Que se
empanturram de uma energia abúlica
A despenhar-se
no Acaso...
Nem sequer somos Gruta onde se inscreva
Um qualquer sentido
- ilusório que seja...
Apenas Cloaca
onde dejectamos onanismos
Cansados. Ou
pantalha onde a palavra fenece
No rodopio do
Excesso...
E, no entanto, em
cada espasmo de Decadência
A promessa
prometeica. Que nos acorrenta.
E o fogo divino da
Palavra.
Manuel Veiga
15 comentários:
... e já é tanto meu irmão
Abraço
" Nem sequer somos Gruta onde se inscreva
Um qualquer sentido - ilusório que seja..."
Em tom de desencanto. Porém, um desencanto negado, sílaba a sílaba.
Palavra que se acende... Divina!
Lídia
Um novo Prometeu agrilhoado?
Muito bem esculpido o poema, mas cru por de mais - como a realidade que vivemos aliás...
Beijinhos
... beijo Herético
forte e real...
:(
bom final de semana.
beijo
:)
A palavras sábias Poeta.
Deixemos a Palavra viver livre e depurar-se por ela própria.
Um abraço fraterno
Ai, meu caro Herético!
Este seu poema é um retumbante brado contra o descalabro de nosso mundo!
Fere-nos a alma, pela verdade crua que apresenta - o facto de a sabermos, não implica que nos sintamos bem com a constatação.
"uma morfologia plasmada de absurdo inverte / as circunstâncias" - retrato fiel do que assistimos ao nosso redor, para onde quer que olhemos com atenção.
Belíssima criação, que só merece o nosso aplauso rendido.
abç amg
Afinal, a palavra não sucumbiu. :)
Já tinha passado por aqui, pelo menos, duas vezes, mas fiquei "atordoada" com as palavras, as suas.
Como já tenho afirmado, eu pouco entendo das "coisas", destas e de outras, mas por umas, tiro outras.
Meu querido e "velho" escritor, k me faz pensar, k me faz recorrer ao "dicionário" para perceber a erudição usada, não seja, não gostaria k fosse tão analítico e tão real. "Não seja profeta da desgraça", por favor!
E, no meio de tudo isto, onde é k paira o amor? No timbre/na voz rouca? É sensual e apelativa, convenhamos, e aí, talvez a mente descambe e se entregue, mesmo k temporariamente, lendo.
Usa maiúsculas, onde entende que as deve usar, e diga-se, com toda a propriedade. Não obedece, por vezes, à métrica das palavras, do verso, do poema, mas as suas mãos dão, fazem o resto, e completam a obra.
O "senhor" revoluciona as palavras, e eu k as amanse, não?
Bom fim de semana.
Céu,
não venha a armar em "tontinha" comigo, pf.
a "menina" é bem mais do que parece - soube ler muito bem o poema...
por isso, sabe muito bem "onde paira o amor" (no contexto do poema, claro)...
quero crer que no "fogo divino da Palavra" (resgatada)...
(desta vez a minha amiga merece o Céu rss)
~ ~ ~
~~ Apesar de tudo o que foi referido,
~~~~~~ não podemos - jamais -
~~~~~ darmo-nos por vencidos!
~ ~ ~ ~ A LUTA CONTINUA!! ~ ~ ~ ~
~~~~~ Venceremos pela razão!
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~~Beijo, com votos
~~~~~~ de ótimo fim de semana. ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Tens razão no desencanto, mas não podemos deixar de lutar...
Bom fim de semana
Mesmo diante da tristeza, da frustração, do desencanto... sempre haverá alguém que, com a riqueza de seu sentir e de seu vocabulário, o expressará em versos de grande beleza, como os seus. Deixando a realidade de lado, eis que obscura em todos os cantos do planeta, eu me detenho na sua capacidade de manifestação, tanto em verso quanto em prosa. Parabéns!
Olá, como está?
Bem, a sua resposta ao meu comentário, está lá "pra cima", e portanto, estamos "desfasados", um no norte, outro no sul, diria.
Esta janelinha, pop-up, acho k é assim k se chama, não é nada prática, em minha opinião, pke não podemos responder a seguir ao comentário.
O comentário incorporado, é excelente, na minha opinião, mas, o criador do blogue é o "senhor".
Falando sério, tontinha, nunca fu. Amanhã, não sei. "Tontinha", sou mtas vezes e gosto de ser, embora haja quem não me acha ponta de piada, mas é de mim, e não há nada a fazer. Contudo, calculo k sei, razoavelmente, o "chão k posso pisar", mas se me enganei, peço imensa desculpa.
Boa semana!
Um poema de beleza avassaladora
percorrendo na trilha da ironia
e lucidez.
Desnudando a efemeridade na
velocidade do banal, do imediatismo
das sombras egoicas que se
acorrentam no vazio...
Excelente, Poeta!
Adorei!!
Beijo.
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