Colapsam as
palavras. E despenham-se na voragem
Das paisagens
geladas. Lonjuras que apenas os ventos
Ousam.
Pressente-se o grito perdido das fragas
Em simulacro de
dor.
Vã a tentativa
para além do azul coalhado
E das farripas
de bruma que incendeiam os vales
Como bocas
sinuosas de dragões em danças guerreiras.
Ou monges
brancos em penitências aladas no milagre
De todas as
lembranças...
Fantasmagorias
soltas debruçadas sobre as casas
Perdidas.
Solidão de cabras balindo a urze
E as magras
tetas. Ventres que se abrem nas encostas
Em presépios de
abandono... Lá no alto a íngreme
Penitência das
dores e de todas as promessas.
(Pagãos que
somos!...)
Guardamos o
inesperado. E a rocha parideira.
E o teixo. E colhemos (no
restrito núcleo de afectos) o gosto
Do vinho que
bebemos. Confortados. E a água
Que calamos. E
agitação febril dos olhos.
E dos sonhos.
Imensos na
granítica esperança. Tatuada no rosto
Dos homens. Verdadeiros...
Manuel Veiga
13 comentários:
~~~
~ Cenário do nordeste lusitano
~~~ numa poética granítica...
~ Haja confiança na unanimidade
~~ contra a opressão inumana.
~~~~~~~ Bela exortação
~~~ à inequívoca esperança.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~~~ Beijo, Poeta.~
~ ~ ~ ~ ~
Que de novo rolem das fráguas as pedras, verdadeiras, como as palavras do poeta.
Um abraço fraterno
Curiosas as palavras,
as coincidências...
Abraço.
Que a granítica esperança se molde também na vontade das pessoas
Fica bem
Belo! Como belo é o que sentimos no meio das pedras e das rochas. Parideiras ou não.
Beijo.
Somos rocha na paisagem. E teimamos em tatuar na pele essa esperança.
:)
Creio que, nesse contexto, os "verdadeiros" também já se deixaram tomar pelo cansaço. Haja esperança!!!!! Abraço.
Pedras ao alto meu irmão
Mais um excelente poema.
Desta vez aos homens verdadeiros. Que são poucos...
Caro Veiga, desejo-lhe a continuação de uma boa semana.
Abraço.
Capitular nunca
se possível
Abraço sempre amigo
Granítica, a esperança. Apesar da "água que calamos", da "agitação febril dos olhos.E dos sonhos". As tuas palavras não "colapsaram", meu amigo. Mais um poema excelente.
Um beijo.
que nunca se perca a esperança, nem a vontade de fazer acontecer.
Abraço*
Ainda os há temperados
ao ar livre da giesta,
rememorados no ardor da gesta…
E o vento fermento agreste, ainda,
corre pelas penedias, onde
verdadeiros e inteiros
permanecem duros e puros os...
hajota
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