No gume dos dias
peregrinos
Arqueja a
esperança no peito dos homens.
Os velhos
percorrem a cinza e sopram a centelha
No delírio inflamado
de um voo perdido.
E nas entranhas das
aves
Decifram os
sinais como pitonisas de olhos esventrados
E dedos imensos
que se perdem como barcos
No horizonte do
sonho.
E com as
crianças nos joelhos
Declinam um abecedário
De promessas
como pomar
De frutos
maduros e suspensos
Ao
alcance das bocas.
E inventam – os velhos
– um tempo novo.
E faluas. E das
águas do Tejo erguem marinheiros
E poetas. E as
praças agora povoadas
Incendeiam o
alvoroço da cidade:
– além da dor, o Bojador é dobrado!
Lá longe, o
dragão espuma raiva...
Manuel Veiga
16 comentários:
Os sonhos nunca ficarão perdidos,
o barco das palavras navegam pela
poesia e utopia, com a altivez
de quem não se descuida do
destino do mundo...
Belo este teu grito poético para
além do simples olhar!
beijo.
Desejo um parto sem dor
Abraço
Este tempo novo, delineado pelos velhos para as crianças nos seus joelhos, um dia chegará. E da esperança a arquejar hoje no peito dos homens surgirão tantos Gil Eanes que esse país renascerá em cada “ramo de flores” que não mais secas, e sim a vicejar nas fontes de uma nova e bela realidade.
Herético, emociona-me os teus poemas denúncia/conscientização/redenção onde as palavras nos mergulham em turvas águas para depois nos levarem a navegar por mares de águas tranqüilas nas asas dos sonhos que estarão sempre a procurar por pomares “de frutos maduros e suspensos ao alcance das bocas”.
Deixemos o dragão espumar raiva, mas com toda a certeza o Bojador um dia será dobrado. Esperança e sonhos são imorredouros dentro dos homens, e se ao mar o perigo e o abismo foram dados, também foi lá que Deus “espelhou o céu”.
Estou sempre a ler-te com muito respeito e admiração, na lembrança de uma criança que extasiada escutava o avô desfiando num rosário de "era uma vez" as histórias vividas no seu país natal antes de aqui chegar e se "abrigar" nas dolorosas lembranças que, infelizmente, muitas também aqui foram produzidas.
Um terno beijo,
Helena
Helena
~ ~ ~
~~~ Porém...
~ «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.»
~ Muito bela a mensagem e o estilo grandíloquo!
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~~~ Beijo, Poeta.
~ ~ ~ ~ ~
Vim do blog do Agostinho para conhecer a sua poesia e me encantei com ela. Parabéns pelo talento e beleza com que constrói sua poesia. Voltarei.:)
Bjs
Ps: Só não vou segui-lo porque no meu navegador não aparece mais essa opção.
Haja sempre algo mais por inventar
E o tempo não se dará nunca por pedido.
Não sei se o dragão espuma de raiva
se é um estertor de moribundo
ainda que para a morte lhe falte muito
Não sei se haverá um tempo novo...
O jeito do teu poetar é que sempre me fascina.
Beijo, Herético.
A insatisfação dum tempo de marionetas, a esperança no porvir...
Muito bom!
Um abraço
É a Europa que arde: a maior parte das pessoas limita-se a fazer a sua vida, mal ou bem, a sobreviver a tantos cataclismos e ameaças. Por isso Paris tem a beleza duma aposta, pelo que de belo e cultural nos oferece. Assim a poesia: aposta no sonho.
Abç da bettips
Tempo de poesia, nesse teu jeito sempre aguerrido.
Soltam-se paisagens.
Beijo,
Magníficos cantos elevas no ar.
Pois que espume ranho e baba e a peçonhenta bílis que a muitos trouxe enganos. O dragâo é do passado, Já nada fará à nova geração que sobe a nau da esperança.
Porque é tudo o que resta.... o sonho, a esperança num tempo novo...
Que nunca se perca.... Apesar de tudo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Talvez, poeta...talvez!
Bjs
Um dia, não muito longe, alcançaremos a paz...
Lindo, Manuel!
Beijos!
que será do homem se deixar de sonhar!
Que seja sempre o sonho, uma constante da vida.
Brisas doces*
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