Depois da
implosão das palavras: absurdo abismo!
Eco evanescente
ou deserto que se extingue
Porém vivo. Estertor
de água e fogo.
Miragem de cinza
atordoada
Registo ainda.
Euforia e mágoas.
E abandono. Qual cabana
Destroçada. E o
fogo aceso. Ou veredas percorridas
A que se perdeu
tino.
São as palavras
pedras vivas: ainda que mortas!
Que sob o frio
da pedra as palavras se agitam
Flor que se nega
e fenece – flor ainda.
Flor em rebeldia...
Carrascos das
palavras nelas nos jogamos.
E nos salvamos. E
por elas, tantas vezes
Nos perdermos...
Guardo de todas
as palavras, as palavras-outras.
Aquelas que lacradas
são sacrário. E velas a arder
Em coração
devoto.
Ou lume branco. A
derramar-se
Como incêndio.
Manuel Veiga
12 comentários:
Meu caro Manuel
sopro-te e voo
mais que os pássaros
numa folha de papel
palavras enclavinhadas
nos meus pobres olhos
Abraço fraterno
De todas as palavras-estas um "lamento" muito vivo se acende!...
Bj.
Tal como os peixes, é pela boca (quando falamos) que nos "jogamos e salvamos". Outras vezes, não aquecem nem arrefecem, mas são as palavras que fazem mudanças, em nós e nos outros.
Excelente poema, como não podia deixar de ser.
Bom fim de semana, amigo Veiga.
Um abraço.
~~~
Foi uma bonita implosão, como a de uma estrela...
Do absurdo abismo, não resultou qualquer vestígio de cinza,
mas sim, este belo e empolgante poema que nos fala de palavras vivas
e de palavras sagradas...
A paleta do Poeta conserva sempre cores, aromas e brilhos muito especiais.
~~~ Beijo amigo. ~~~
E a beleza predomina
no mistério das palavras...
E eu gostei!
Maria luísa Adães
Mais um belo Poema, com a tua marca, a força
das palavras que transcendem o abismo comum dos significados.
A tua Poesia tem um ar puro do novo, um caminho teu,
íntimo com as tuas belas construções imagéticas incendiadas
de beleza e numa amplitude da significância rara das palavras!...
Eu fico a pensar, como pode ser tão Poesia a se derramar
aos nossos olhos de leitores.
Adoro sempre!!
beijo.
Somos carrascos das palavras e seus escravos. E tanto
nos podem condenar, absolver e salvar. Do abismo que todos
temos à frente.
Você é um belo incendiário de palavras! Os grandes poetas
são assim. :-)
xx
Venham mais cinco
Abraço
Ah as palavras! com elas temos percepções,todas elas_sentimentos, emoções, sensações.
E há para todos os gostos_ as doces as amargas as inesquecíveis as detestáveis.As quentes as frias as coloridas as desbotadas.
Nomeamos o mundo inteiro.
E gosto quando diz "nela nos jogamos. e nos salvamos" para o bem e para o mal.
E , ei-nos aqui a usá-las _de tão longe.Quão belo é seu poema!
abraços heretico
Parabéns.
Palavras mal ditas, podem nos atirar num absurdo abismo...
Beijos, Manuel!
Ah, as palavras, esse catalisador de mil e uma emoções...!
Mais um grande poema.
Abraço
Boa tarde, Heretico.
Mesmo na mudez as palavras imperam como "pedras vivas" a escreverem a História do Homem.
abço amg
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