Desce o nevoeiro
na paisagem
E o rio é manto
de olhos encobertos...
(Dolente a
música do cello
E meus
passos...)
Tombam
imaginárias folhas
Sobre o chão
alcatifado. E as janelas
São órbitas
entreabertas. No entanto baças.
Ou destino vago
das horas...
E as árvores
agora são súplicas isoladas
São ausências ou linhas precárias.
Perfis
esvoaçantes apenas
A teimarem lá fora...
A teimarem lá fora...
Nem gritos, nem
memórias.
Espera pura. Folhas no íntimo do
caule.
E dos dias...
E minha inquieta
presença catando o poema.
E “o piolho da
existência”.
Qual quadro sem
moldura!...
Manuel Veiga
10 comentários:
Uma paisagem onde o tempo passa devagar...espreguiçando-se sem pressa!
É o inverno vivendo, com esperança de primaveras.:)
Gostei muito, Poeta.
Beijinho
Um poeta a sério! Parabéns.
Beijinho
Uma paisagem descrita para expressar uma alegoria interior, íntima e silente... versos para ler, reler e capturar lentamente o que se guarda por trás do que se diz...e o que emergimos dos sentidos nos elementais da natureza...
Bom ser presença aqui, poeta.
Beijo.
Genny
Talvez seja mesmo "o piolho da existência" que nos faz catar o poema...
Excelente, meu caro Veiga, mais uma obra de Mestre.
Um abraço.
Caro Manuel,
Um bom poema, sabem todos que leram João Cabral de Melo Neto, é fruto de um pouco de inspiração e muito de transpiração (para ele, cinco por cento de inspiração; o resto, transpiração).Dondo concluo que, o seu "Vaga paisagem muda..." é poema que nasceu tanto de uma como de outra, e, assim, com essa conjugação resultou num bom poema.
Um abraço.
Eu com minha mania de adorar títulos belos,
"Vaga Paisagem muda..." ele me sugere o eco do
silêncio cortando as palavras para florir na alma!...
Todo o belo poema em seu corpo de estação outono,
conduz a este quadro vivo dos olhos do Poeta, que
pintou no (seu) registro o poema renascido
da memória afetiva dos seus passos de música:
"(Dolente a música do cello
E meus passos...)"
Adoro (sempre) a tua poética!!
Excelente, meu amigo, lê-lo é sempre um grande prazer!
Um abraço
O poeta percorre a descarnada paisagem de si para se encontrar no íntimo do ser, de onde brotam todas as vontades, toda a verdade.
Belíssimo poema.
Basta a tela em que pintaste o poema e já é tanto.
Abraço fraterno
o poeta pinta quadros
com palavras e sentires
o poeta não precisa de moldura
muito belo
beijo
:)
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