Colhe o tempo
magnólias em fim de tarde
Latência de um
perfume que se inala como ópio
Às golfadas
depois do esplendor
E persiste como
vibração estreme
Ardência ainda
mas já nuvem
Sem retorno...
Essa opulência
outrora transbordante
É agora cadência
volúvel que percorre os trilhos
Alvoroçados do
mel silvestre
E das amoras
Ainda agora
palato
E língua...
Sucos
destemperados
Que resistem...
Ou paleta de
mostos
Que os dedos
amassam
Na flor dos dias
gastos...
E sucumbem
Na
incandescência operática
De um “encore”
antes do pano...
E se transportam
incrustados
Na desbotada
pele das horas
Que estremece
desmaiada...
E vibra ainda
Como linha
encurvando-se
Antes do
fecho...
Manuel Veiga
"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - Poética Edições - a publicar em breve
10 comentários:
Embriagante, o perfume das magnólias.
Boa noite, caro Herético :)
~~~
~ Sublimes imagens e metáforas
que envolvem intensa e agradavelmente todos os sentidos!
Muito belo será esse livro! Guarda-me um carinhosamente.
~~~~ Beijo, Poeta amigo. ~~~~
Este teu Poema é de uma beleza avassaladora e imponente,
as ricas metáforas correm nos seus mistérios e guardam
o enigma dos seus significados, inscritos numa originalidade
de nos tirar o ar, de tanta admiração a uma criação poética
de um Grande Poeta, que sempre surpreende com uma
riqueza imagética rara.
Bravo, Grande Poeta!!!
Será um livro de poética requintada!
Excelente.
bjs
'encrustados' andam os sentimentos heretico
_ quem sabe apenas guardados para os fins de tarde.
Parabéns pela beleza dos seus poemas.
Trás uma lufada de magnólias.
Resistir é o caminho
até ao fecho do pano
Abraço sempre
E vibra!
Um abraço vibrado
As magnólias são inspiradoras. Ou será, antes, do ar de promessas que o fim de tarde traz consigo que resulta tanta inspiração?
Belo.
abç
O ocaso é assim mas ainda muito longe do fim.
Grande abraço meu irmão poeta.
Podem os dias gastar-se porque fins de tarde com magnólias é coisa que deve valer a pena. :)
Enviar um comentário