“Rasgam-se as
cortinas e sob o foco a Mulher
Esguia como o
tempo liberto como o punho
Erguido ao céu
da praça cheia e às canções!
Maiakovski grita
em métricas guturais
“Abram alas ao futuro que perpassa nas dobras
Do manto
vermelho!...”
A Mulher
inclina-se em dignidade soberba
Segura nas mãos
a flor dos dias e nos olhos
O fervor prenhe
de lonjura e de distância
E a palavra
ousada nos lábios escarlate
Como a túnica...
Em baixo uma
criança negra soletra liberdade
Nas pétalas
desfolhadas do cravo rubro
Que a mãe lhe
dera com o leite...
E o pai sorri
com os imaculados dentes
Da fome! Com o
grito! Com a guerra!
E ergue o punho
à mulher de vermelho
Que o acolhe no
seu seio de cristal...
E o devolve ao
Povo acumulado na praça
Num gesto de
febre
E luta...
Viva a
Liberdade!”
Manuel Veiga
POEMAS CATIVOS –
Poética Edições – Lisboa 2014
11 comentários:
~~~
Nem tudo que parece, é autenticamente Liberdade.
Um soberbo poema de memórias, muito pertinente...
~~~ Beijo, Poeta. ~~~
um poema a lembrar memórias
uma música que fica no tempo
e logo será Abril
e logo será Maio
muito belo Poeta
bom fim de semana.
beijo
:)
A Liberdade é um bem a que já poucos dão a devida importância, espero que não seja necessário perdê-la para que se passe a dar o devido valor...
Cumps
Um abraço, Meu caro herético.
Apreciei a música e a profundidade do poema...
Viva a Vida e a Liberdade que a fortalece e a força do trabalho que a alimenta e a poesia que lhe renova a esperança.
Que belo poema louvando a liberdade,
uma bela imagética para a liberdade:
"A mulher de vermelho..."
Sem liberdade não há uma construção evoluída e
nem uma construção de um alicerce de igualdade!...
A música belíssima e tocante neste momento do
meu País tão triste no sufoco de uma liberdade (democrática).
Muito grata por esta partilha, Poeta!
Viva a Liberdade.
Sempre.
Grande poema, parabéns.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.
É não deixar a liberdade dissolver-se...
É nela que desejamos adormecer e sonhar.
Um excelente mote para saudar o Dia dos Cravos!
Um abraço, poeta!
Olá, Herético.
Mais uma bela criação. "O fervor prenhe de lonjura e de distância" - tantos lutaram e morreram sem esta liberdade que tanto custou. Hoje custa o esquecimento, não merecer a glória, não a de medalhas e faixas condecorativas, mas a memória do homem comum, que não sabe o que é viver na sua ausência.
abç amg
Liberdade... o sonho, o objetivo de tantas lutas, o romper de correntes. Em todas as partes do mundo é desejada e não se pode perder o que, com sangue, já foi conquistado. Não é algo que se guarde por se julgar ter, eis que sempre será ameaçada. Belíssima escolha musical. Abraço.
Bela referência ao Maiakovski.
A palavra ousou, o ideal ousou. O ideal não morreu, mas a palavra enquanto espelho do real, acomodou-se. Mas continua viva na voz de alguns poetas. E os cravos precisam ser regados.
Viva a Liberdade!
Excelente poema.
xx
... "o que eu passei para aqui chegar"!
Soberba mulher, soberba cor.
E já Maio aí vem.
Abraço
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