Arrasta o canto
itinerários de água
Caligrafia
oculta que os gestos percorrem
Em fervor. E se
desenham no rosto inconformado
Dos dias.
Solstícios embora é o calcário
E a sombra a
articularem a matriz e a semântica.
Estalactites de
sangue a irromperem
Como raízes
abandonadas. Fio apenas
A crescer nos
dedos e a dar forma
À subtil
condensação que se ergue
Na rota do peito
onde desagua – canto ainda.
E em rebeldia se
desnuda.
Litania agora. E
sobressalto e mágoa
A tatuar sinais
e a exorcizar o tempo
Escasso. Ponto
de redenção e fuga –
Sopro e voo. E o
cântico. E a marca de água.
Em que o poeta
se inaugura.
Grão de fogo. E
rumor íntimo.
Concertados.
Manuel Veiga
10 comentários:
Pelo belo e enigmático título, o poema nos revela
a beleza cristalina de toda imagética original (sempre
assim na tua poética), uma força matriz a construir
um caminho único de canto e rota dos dias numa
inconformidade rotineira, a desenhar a rebeldia que
desnuda o "agora", numa transfiguração da mágoa,
do tempo, a trazer no sopro o voo poético que o
"poeta se inaugura", se renova neste "grão de fogo"-vida
e "rumor íntimo" espelhados em sua própria expansão!...
A música sublime (adorei...) em perfeita
harmonia com o teu poema.
Bravo, Poeta Amigo!!
Bjs.
~~~
Magnífico poema, Manuel!
Este é o estilo intensamente expressivo
e vibrante que melhor te define.
Gostei sobremaneira deste concerto entre
o grão de fogo e o rumor intimo...
Especialmente, dos versos dedicados ao
tempo, que considero sublimes.
~~~~ Beijo, Poeta. ~~~~
"Sopro-te e voo"
Abraço amigo
"Estalactites de sangue a irromperem
Como raízes abandonadas"
Cantemos!
MarArável, meu caro amigo
retribuo!
ora aí tens um SOPRO a fazer ricochete
e um VOO a jacto...
abraço, sempre!
e em todos os caminhos o canto resiste
que assim seja Poeta!
e que o canto não morra na nossa boca.
bom feriado
:)
Ainda sinto o cheiro fresco da argila em que o poeta se inaugura.
Bravo, Manuel! Um belo poema!
A fuga do poeta num voo tão belo. Amei demais. Beijos com carinho
'E o cântico' heretico maravilhoso!
a gente sempre volta pra ouvir !
Muito bom passear por aqui. Deixo abraços.
"Sopro e voo" que plano perfeito para manter o "ponto de fogo" eterno. Mais que brasa cujo destino é cinza!
Grande poema, pró-Herético.
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