terça-feira, novembro 15, 2016

Que Mais Importa ao Poeta?

Vens autêntica em tua benevolência cálida
Dulcificando em mim a noite cerebral
Ungindo esquecidas glórias
Adejantes como fogueiras vãs
Que apagadas ardem e em cinzas
Se ateiam.

Bem sei (ambos sabemos)
Que o tempo corre por vezes bálsamo
Outras apenas flor de zimbro
Insignificante em seu devir
Estéril como promessas por abrir
Cumprindo rotas sem registo.

E no entanto em teus olhos
Bebo o fruto cristalino das árvores inventadas
Antigas montanhas debruçadas sobre o vento
O sopro dos dias nas mãos abertas
Em generosa dádiva...

Que mais importa ao poeta
Senão cumprir-se?

(E assim celebrar
A vida!)

Manuel Veiga 

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