Vens autêntica
em tua benevolência cálida
Dulcificando em
mim a noite cerebral
Ungindo
esquecidas glórias
Adejantes como
fogueiras vãs
Que apagadas
ardem e em cinzas
Se ateiam.
Bem sei (ambos
sabemos)
Que o tempo
corre por vezes bálsamo
Outras apenas
flor de zimbro
Insignificante
em seu devir
Estéril como
promessas por abrir
Cumprindo rotas
sem registo.
E no entanto em
teus olhos
Bebo o fruto
cristalino das árvores inventadas
Antigas
montanhas debruçadas sobre o vento
O sopro dos dias
nas mãos abertas
Em generosa
dádiva...
Que mais importa
ao poeta
Senão cumprir-se?
(E assim celebrar
A vida!)
Manuel Veiga
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