Em cada
inesperada raiz, um poema virgem
Sabor que
desagua no palato. Qual rio
Que se espraia
em águas cristalinas e cascatas
A soltar amarras
e a celebrar litanias selvagens
Nos percursos
íntimos da memória e na agitação
Dos dias perturbados.
Porém, plenos. E claros.
Amoras tardias
colhendo o sol das colinas
E mel silvestre
nos lábios e, na língua, uma sede
Anscentral. Aguardente
de vida a derramar-se no sangue
A destilar, fervente,
o acaso de fugazes encantamentos.
Como se o voo
espantado dos olhos fossem tordos
Ainda. E razão
de tudo na irrequieta liberdade
Do canto no
rosto das ruinas. E o corpo fosse
A majestade das
ravinas suspensas do sopro.
Há em cada incauto
verso uma perfumada seiva
Ou uma cicatriz
aberta. Ou apenas um sorriso
Ou um barco
engalanado. Ou um caminho.
Ou uma mágica
sinfonia a abrir-se no palco
Como se o poeta
fora cítara ou eco. Pastoril
Devaneio a
percorrer o reverso do sonho.
Manuel Veiga
16 comentários:
Li e reli esse devaneio a percorrer o reverso do sonho e adorei. A música é linda. Meu amigo bom fim de semana e beijos com carinho
Olá, amigo, como tem passado?
Venho desejar-lhe uma excelente Quadra Natalícia!
Um forte abraço!
Intocável esta raíz/poema que livre, puro e belo nos desperta a natureza viva...dos sentidos.
e o poeta é eco, depois do verso-sonho.
tão bom e tão forte esse palato.
um também forte abraço, Amigo.
Um mundo, um caminho, o som da poesia.
Abraço
Lindo Poema, lido e relido por mim que tanto gostei e quase decorei.
Abraço, Léah
Amigo Manuel,
Profundos são os poemas quando há ideias e sentimentos. A escolha das palavras, então, torna-se a ferramenta principal, acrescentam mais força e beleza à poesia. O Vídeo 'Ave Maria' - sempre lindo. Parabéns pela postagem.
Aproveito para deixar meus votos de um ótimo Natal para você e sua família, com muita paz e alegria - é o que a humanidade está precisando.
Bjs.
um poema muito bem estruturado onde o Poeta não perde nenhuma ponta e se deixa desligar em vocábulos e metáforas., ricas a transbordar poesia...
ou um poema para ser declamado e sentido...
muito bom!
beijinho
:)
Piedade,
fico muito grato pelo teu amável comentário, que sei genuíno e ditada por profunda admiração mútua de muitos anos.
e isso me permite dizer-te, com à vontade, que metáforas cada vez menos na minha poesia. aliás considero que as metáforas são um espécie de "bolo rei" na ceia de Natal- fico logo empanturrado!
deixemos, por isso as metáforas, Piedade, para os mestres pasteleiros...
beijo
Manel
se o dizes é porque assim é.
este poema, li-o com atenção e para mim, eu costumo voar nas palavras dos Poetas e imaginar metáforas onde talvez nem existem.
também gosto de exercitar a minha leitura a todos(ou quase todos) os poemas que leio e mexem comigo, que é ler ao contrário, ou seja de baixo para cima, e gostei das minhas duas versões, talvez fosse isso.
beijinho
:)
Bem vinda, Léah
muito gratificante o comentário.
grato
Tais,
muito grato pela presença amiga neste blog.
creia que muito prezo a sua sempre generosa e sensível participação
neste espaço.
agradeço e retribuo os votos de Boas Festas, permitindo-me incluir todos aqueles que lhe são próximos.
beijo
Vieira Calado, Poeta amigo
grato pelos votos de Boas festas
que retribuo com elevada consideração e amizade
forte abraço
O poeta é doença e cura. É vida e morte.
Mas, sobretudo, um ser de alimento.
Sacio-me por aqui.
Bjo, amigo :)
Deslumbrada estou.
Hoje passeei-me pelas avenidas da poesia.
Palavras assombrosas em caminhos percorridos. São assim os poetas.
Beijo amigo e ...
Boas Festas e festas amigas.
Ana
Tão bem que descreve a arte poética!
Parabéns!
Bj
Um poema de grande alcance e sentido. Fácil é lê-lo, difícil é alcançá-lo na dimensão autêntica dos sentimentos puros e humanos.
Tratando-se da (re)visão do reverso do sonho, no cantar do Poeta, nele se lê a face como num tactear de mãos.
Grato pelo momento, daqui vai um abraço.
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