Somos
o sonho milenar das Pátrias e a Promessa
Que
habita o sangue dos escravos e escalda
A
mente dos poetas.
E em
cada gesto nosso uma flor indecifrada
Que
se levanta e se estende generosa
Prenhe
de vontade
E gloriosa
Em
seu jeito
De
florir.
Nada
além de cada Aurora
E os
fios que nos atam
Frutos
em espera
Como
gomos
Em
boca
Ávida.
Sabemos
que o pão que amassamos
Nunca
será mesa em nos que sentemos
E no
entanto dizemos:
“Este
é o nosso Tempo,
Semeemos”!
Manuel
Veiga
6 comentários:
O Tempo que haveremos de legar aos vindouros.
Grande abraço.
Ontem morreu Ferreira Gullar, um dos ótimos poetas contemporâneos nossos, deixou muitos livros, artes, críticas, suas filosofias de vida... Quando morre um poeta, morre um pouco a sensibilidade do mundo.; morre a alegria e a tristeza - ainda que contada com elegância, sutilmente.
Deixo aqui pra você, amigo Manuel:
A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.
bjs, meu amigo. Um belo poema!
Um poema lindo acampanhado por um super Placido Domino
abraço
Viva, Poeta MV
Nunca é de mais!
Semeemos pois o sonho!
com a persistência demente
de escravo
até que em cada mente
floresça um homem Poeta.
Um poema que é uma proposta de vida.
Abraço.
É maravilhoso, o poema!
E revejo-me no comentário do Agostinho.
bjs
Este é " o nosso tempo " o nosso instante e, como diz o poeta Manuel Alegre, " cada instante é uma pequena despedida" e há que levar isso em conta, há que reflectir. Em " cada gesto nosso" uma flor deve ser estendida com generosidade ao outro, a todo aquele a quem a vida tirou até a capacidade de sentir o seu perfume; não sabemos o que nos trará cada " aurora " e muito menos sabemos se a teremos; o pão temos hoje, embora amassado por outros, mas há tantos outros que não o têm e nós continuamos a dizer" semeemos " para podermos colher . Mas será que semeamos? São tantos " os fios que nos atam...ou melhor...permitimos que os fios nos atem e de tal forma que ficamos atados , presos a esta sociedade indiferente a todos aqueles que " ávidos" esperam uma simples flor desenhada num olhar carinhoso, num sorriso , num simples pão sobre a mesa de tosca madeira, vazia. E se este é o nosso tempo, o nosso instante que pode ser definitivo, façamos mais e falemos menos. Vivamos o nosso instante com sabedoria e sensatez, sentindo-o e fazendo o que está ao nosso alcance para melhorar o tempo de quem está perto de nós e não consegue viver o seu instante; a vida não deixa e nós limitamo-nos a dizer " semeemos"! Mas o quê? Amigo, como sempre, excelente. Obrigada e fica bem. Um beijinho
Emilia
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