Requer o poeta
A palavra exacta
Que agrida e
fira
E acorde e se
bata
Na praça: danada.
E no percurso
Se encandeie
Em qualquer
pormenor
Ainda não visto
Que de poesia
basta
Está o poeta
farto:
- Oração de
defunto
A serrar
presunto
Lá pros lados da
Lapa.
E tenha fogo
E tenha água – a
palavra.
E se atice
E seja
aldrabice. E ferva
Como espuma
quente
Que nada pode:
bem se sabe!
Palavra porém -
nunca mole.
Palavra se
requer que seja
Aguardente de
vida
Em cada gole...
Manuel Veiga
15 comentários:
Meu amigo Manoel,
É, pois a palavra exata
Que finge, que fere e mata
Como uma arma cruel.
Mas como o Papai Noel,
Há poeta que retrata
A exatidão como grata
Recompensa do papel
De ser poeta e viver
Sonhando em só dar prazer
Sem olhar a exatidão
Por retidão de seu ser
Que é poeta sem saber,
Sem saber se é exato ou não.
Grande abraço. Desculpe meus versos aleijados, mas gosto de brincar com as palavras. Minha gratidão. Laerte.
as canções que nos oferecem na praça demagógica dos profetas, trazem cansaços e dormência.
as palavras são como vinho que nos servem, já azedo.
que a palavra seja gume, seja lança...e que alcança.
um poema "acordai" de que muito gostei.
um abraço
Meu amigo Manuel,
Vejo esse seu poema como uma flecha, vai direto e crava, e faz reboliço em alguma parte, em algum lugar. Essa é a diferença da poesia que é envolvida pela beleza do mistério. Nada sai tão claro das cabeças dos poetas. A coisa flui nas entrelinhas. A esses, tudo é permitido, sabe por quê? Simplesmente porque é poesia. A interpretação fica para os leitores, ao contrário da crônica que por ser tão clara fere alguns ou exalta outros. Diz da vida o que ela é sem delongas. Muito bonita, um dos mais bonitos poemas lidos aqui.
Beijos, amigo.
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Requer o poeta
A palavra exacta
Que agrida e fira
E acorde e se bata
Na praça: danada.
Em busca permanente da palavra exata, a que me está sempre a fugir.
Sem limites nem peias a (tua) palavra é tudo, poeta.
Abraço fraterno
Tão bom voltar a ler-te aqui e dizer-te o quão bem escreves!
Beijinho
A palavra exacta já a mim, também me suscitou um poema. E agora veja a sorte dos sem-abrigo, pelo Natal - https://vieiracalado-poesia.blogspot.pt/2016/12/natal-dos-sem-abrigo.html Saudações natalícias!.
"Palavra se requer que seja
Aguardente de vida
Em cada gole..."
É um prazer ler a tua forma perspicaz de manejar a palavra.
Abraço.
Manuseio as tuas palavras como se fossem minhas para as usar como um protesto...
Um beijo, meu Amigo.
Os caminhos da palavra a circular no caminho da vida,
até a palavra e poeta serem um e nela tem os 4 elementos
(terra, fogo, água e ar) na exatidão de significados
vivos e resistentes "em cada gole..." da vida!...
Neste teu poema existe a presença do guerreiro poeta que
não cala à palavra para a vida.
Sempre bela e singular a tua poesia se inscreve e eu
sempre aprecio imensamente!!
Bj.
e eu direi apenas
que as palavras podem ser armas de arremesso quando bem atiradas, como estas...
um poema que é um grito de revolta
boa semana.
beijo
:)
A palavra exacta é revolução
basta revestí-la de intenção
O Poeta trouxe-a pronta para acção.
Abraço.
Ironia e sarcasmo q.b. sobre a poesia e o poder da palavra...
Parabéns
beijinho
Caro Manuel,
Que poema vigoroso! Que lição de poética! É beber dessa aguardente para redescobrir a força da palavra.
Forte abraço, amigo!
É um facto, Manuel, mas conseguir encontrar a "palavra exata" para a hora exata (o título de um poema meu), não é obra de acaso.
Nos teus escritos, já é normal a precisão das palavras a plasmar o pensamento.
Bjo :)
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