Rasgam-se as
cortinas e sob o foco a Mulher
Esguia como o tempo
liberto como o punho
Erguido ao céu da praça
cheia e às canções!...
Maiakovski grita em
métricas guturais:
“Abram alas ao Futuro
que perpassa nas dobras
Do manto vermelho!...”
A Mulher inclina-se em
dignidade soberba
Segura nas mãos a flor
dos dias e nos olhos
O fervor prenhe de
Lonjura e de Distância.
E a palavra ousada nos
lábios escarlate
Como a túnica...
Em baixo uma criança
negra soletra liberdade
Nas pétalas desfolhadas
do cravo rubro
Que a mãe lhe dera com o
leite...
E o pai sorri com os
imaculados dentes
Da fome. Com o grito.
Como a guerra.
E ergue o punho à Mulher
de Vermelho
Que o acolhe no seu seio
de cristal...
E o devolve ao Povo
acumulado na Praça
Num gesto de febre
E luta...
Viva a Liberdade!
..."
Manuel Veiga - in
"Poemas Cativos"
7 comentários:
Gosto bastante desta Mulher de Vermelho!!
Cheia de força e de determinação. Bom fora que houvera muitas mais...
Beijo vermelho...
Num tom heróico o Poeta canta o vermelho da mulher, inspirado e chamando à liça o poeta Maiakovski.
Resultou uma marca forte a distinguir o dia.
Abraço.
Um poema que não se fecha em si mesmo.
Manuel, já nos habituaste a esta força. Parece que tens a chave das portas da liberdade e da beleza poética. Ao rubro!
Beijo.
Todo o poema é, em si mesmo, a liberdade.
Que é mulher, vermelha e de uma força a manifestar-se de braço erguido.
Também assim é representada em estátua.
Depois, há as praças, palcos de luta em todo o mundo.
E os cantos!
E o povo, sempre!
Grande poema!
Bjo. Manuel
Fome de Liberdade e só o punho levantado, da palavra em riste, dá essa cor gritada, onde a Mulher se veste de febril revolta.
Belo e intenso...
Um abraço, Amigo Manuel
Apreciei imensamente reler este teu poema, uma simbologia
da Mulher altiva-consciente nas lutas pelo mundo melhor
e a liberdade no estado democrático essencial para
a conquista destas melhoras.
Bjs.
Lindo!
beijinho
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