domingo, abril 23, 2017

Nada é Definitivo...


Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos
São agora sulcos a reclamar colheitas
E as mãos arados. E os punhos erguidos
O som das fábricas. Perdidas
Na voragem dos dias
Infecundos.

E no entanto esta torrente. E esta fonte
Que desce em cascata de palavras
Verbo que se faz carne. E ferve
Nos peitos a latejar
Rubros cravos
E bandeiras.

Nada é definitivo quando a rocha
Se abre ao fogo. Nem a memória
É fatuidade de um beijo.
Nem a Revolução um gesto
Inacabado.

Mas sim um poema sinfónico
Passo a passo a arder por dentro
Uma cadência sem idade.

E é este aguilhão e este alvoroço
E o rosto magoado deste Povo
A inscrever um tempo novo
Letra a letra
Liberdade.

25 Abril Sempre!

Manuel Veiga





21 comentários:

luisa disse...

Não tomemos, pois, nada por definitivo. Façamos abril acontecer, sempre.

Pata Negra disse...

Abril sempre mais que memória.
Abraço

Odete Ferreira disse...

Sempre, sim!!!
Voltarei para mais detalhes, sobre a construção poética.
:)

Teresa Almeida disse...

É a voz de um povo. De mágoa e esperança. Energia, ritmo é alma.
Poema e melodia num só corpo.
Bravo, poeta!

Abraço arrochado.

Teresa Almeida disse...

Energia, ritmo e alma.

São disse...

O espírito de Abril não morreu, não.

ABRIL E LIBERDADE, SEMPRE!

Fraterno beijo

jrd disse...

Definitivo foi aquele dia 25 que nos devolveu a esperança e a liberdade.
Um abraço fraterno

Graça Pires disse...

"E no entanto esta torrente. E esta fonte
Que desce em cascata de palavras
Verbo que se faz carne. E ferve
Nos peitos a latejar
Rubros cravos
E bandeiras."
Maravilhoso poema, meu Amigo. Nada é definitivo, é verdade. A liberdade tem que ser conquistada dia após dia...
Uma boa semana.
Um beijo e vamos continuar Abril.

José Carlos Sant Anna disse...

"É preciso estar atento e forte". Convém não esquecer que a a simples previsão do roteiro salva a procissão... Não queremos ser boiada!
Forte abraço, poeta!

Ana Tapadas disse...

Pura emoção estética, o acto de te ler!

Que floresça, sempre!

Beijo

LuísM Castanheira disse...

Poema sublime a lembrar Abril

"Corpo renascido, canção
Toco-te e respiras
Sangue do meu Sangue..."

a palpitar (ainda e...sempre).

Um caloroso abraço, meu Amigo, neste dia especial

Suzete Brainer disse...

A força de um poema, no qual as palavras são gestos;
são movimentos a abrir a história, a memória e a
construir a sinfonia da música da liberdade em
constante renascer...

"Nada é definitivo", um processo constante de reconstruir.
A voz do poeta traz a memória, de todos os rostos:
"Estes rostos
São agora sulcos a reclamar
Colheitas
E as mãos arados. E os punhos erguidos
O som das fábricas. Perdidas na voragem dos dias
Infecundos."

A emoção na escultura da alma de um povo, na inspiração de
um Poeta que espelha este povo:
"E o rosto magoado deste Povo
A inscrever um tempo novo
Letra a letra
Liberdade"

Este poema vai além de uma beleza inscrita na excelência
poética. Este poema evoca emoção, pura emoção!...
Um poema assim, realiza qualquer poeta no processo
com a Poesia (do escrever e não da asneira de fama...).
Um poema completo no seu corpo-poesia: inspiração, beleza,
excelência e emoção.
Apreciei imensamente e mergulhada na emoção em toda a
leitura. Desculpa pela a extensão do comentário.
Beijo.

Suzete Brainer disse...

Manuel, meu amigo,

Esqueci de mencionar a beleza do vídeo-música em sintonia
perfeita com o poema.

Apreciei tudo emocionada!...

LuísM Castanheira disse...

abril em portugal

já a longa noite esmorecia
quando na alvorada em flor
se fez liberdade num só dia.

e os anos passaram
e as promessas ficaram
e abril não se cumpriu

mas há-de-se lá chegar
pelo povo
pela terra
pelo mar
ou por amor
na liberdade, justiça, igualdade.

(ainda a tempo, neste dia)



Agostinho disse...

Uma rocha que se faz no vermelho
do dia a dia em cravos de persistência
Cantemos pois a Liberdade
poema heróico de muitos versos
Cantemo-lo com a força da verdade

Abraço, amigo.

manuela barroso disse...

Nada é definitivo. Mas enquanto é...
mergulhemos no aroma da festa em LIBERDADE!
Ah, o poema...
...fantástico, Agostinho!
bj

Manuel Veiga disse...


Fantástico comentário!

Parabéns, Agostinho! rss

abraço

Odete Ferreira disse...

O tempo e o homem.
O homem e a sua jactância.
A época e a ação do homem.
O homem e a urgência do seu canto, livre. Sempre!
Foi assim que fui percorrendo o teu belíssimo e emotivo poema, numa comunhão que comigo comunicou "letra a letra".
Aplaudo como aplaudo Abril!
Bjo, Manuel :)

Parapeito disse...

Poema fantástico.
sempre a escrever letra a letra liberdade!
Brisas doces*

Graça Alves disse...

Lindo poema a enaltecer Abril!
Bj

Ana Freire disse...

Nada é definitivo... tudo tem sempre de ser mantido, aperfeiçoado e construído... a liberdade também...
Um poema brilhante, Manuel, para assinalar o Dia da Liberdade!
Parabéns! Beijinho
Ana

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