Desprende-se o poema.
Brevíssimo sopro.
Ou colisão ínfima que
estremece. E se agita. Inesperada.
No absurdo silêncio do
Mundo.
Murmúrio de sarça. Arde.
Como inflamadas cores
Sobre a Árvore do Tempo.
Ou toda a vida
No sopro do instante –
meteórica luz divina...
Desprende-se o poema.
Sem resguardo.
E nessa agitação volátil
um breve prenúncio. Ou esboço.
E o rosto invisível das
coisas a rasgar
A finíssima placenta.
Que a Palavra então seja
criatura
A aguentar o peso e as
dores do Universo.
E testemunho vivo do
humaníssimo
Gesto da Criação do
Mundo
Manuel Veiga
CALIGRAFIA ÍNTIMA
Poética Edições – Maio
2017
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