Relógio de
Pêndulo – Apresentação
“Relógio
de Pêndulo” não vem acrescentar nada ao muito que por aí se escreve, com maior
ou menor qualidade. Passará discreto. É essa a sua vocação! Não entrará
seguramente nas discussões idealistas sobre a importância dos blogs na
democratização do nosso espaço público. Aliás, não tenho ilusões quanto aos
blogs como instrumento de intervenção social. Queira-se ou não, a vida é lá
fora e a política faz-se na praça pública. Tenho como adquirido que, no mundo
da blogsfera, todos são “primos e primas” numa pequena aldeia global,
alimentando pequenos clãs de afectos ou de meras simpatias, nas quais cada um
se (re)conhece e (auto)reproduz como grupo, numa relação lassa e, certamente,
gratificante, mas geralmente destinada a extinguir-se na espuma efémera dos dias...
Ao que
venho, portanto? Direi que venho jogar-me numa folha em branco. Escrever é
falar de nós. Mesmo quando nos ocultamos nas palavras que aos outros
oferecemos. No jogo de máscaras - que as palavras, tantas vezes, são! - o rosto
acaba sempre por se desvendar na sua verdade transparente. Dito de outra
maneira, a palavra é sempre ideológica: diz-me como falas, ou do que falas,
dir-te-ei quem és!..
E gostaria
também de poder seduzir. Pela palavra, está bom de ver. Desejaria que os meus
textos fossem apreciados por quem, eventualmente, os possa ler. É que a
palavra, falando de nós, dá sabor à vida. Oferece-nos aos outros na dimensão
dionisíaca do prazer. Diria até que a retórica da palavra (e a arte em geral)
contribui para a erotização da vida. Diria... Se a palavra erotismo não
estivesse tão poluída!...
Mas
sejamos claros: falarei da “margem esquerda” da vida. Falarei de banalidades.
Do riso e das lágrimas. Dos homens e mulheres concretos. Das emoções
envergonhadas. E das gargalhadas espontâneas. Quem me dera ter talento para
falar das qualidades (e defeitos) do Povo do meu País. E ser cronista das suas
lutas...
Não tenho
heróis. Mas confesso que os anti-heróis têm lugar cativo no écran em que me
projecto. E as ideias heréticas e vencidas, que antes de tempo irrompem como
húmus de futuro, são aquelas que povoam o meu ideário...
Porque,
apesar de tudo, a Terra move-se...
-----------------------------------------------------------------
Este texto tem mais de 10 anos!
Que farei com este blog?
Sem comentários:
Enviar um comentário