segunda-feira, julho 03, 2017

Em Cada Sílaba Uma Saliva de Pétalas


Límpidas são as vozes em seu desmedido sopro
E as ondas, que em retorno se alevantam em tempestade de espuma
E se rendem altivas ao cântico interdito dos dias.  

Em cada sílaba vibra uma saliva de pétalas
E uma cristalina febre a entumecer os lábios
E a alagar o movimento e sintonia dos corpos
Numa dança de murmúrios orvalhados.

Existe em cada nome uma fantasia de gestos
E uma música que se derrama e se dilata em metamorfose
De cores sem forma e que apenas invisíveis dedos
As colhem no momento de dizê-las desmedidas.

Cascata de emoções cálidas em que os rostos
Desenham o itinerário dos afectos e a vibração dos passos
Peregrinos como cais de chegada – destino de poeta
A doar-se inteiro e a sobrevoar as margens

E a despenhar-se em fingimento da palavra
Partilhada.


Manuel Veiga

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