terça-feira, agosto 15, 2017

VIOLENTA BRANCURA DO AZUL


Abrasa o sol nesta miragem. A distância é o voo
E a canícula. E a ave soletrando o círculo.
E o zénite...

E a violenta brancura do azul no fio de meus olhos
Agitando a brisa cálida...

E o esqueleto calcificado no restolho
Abandonado.
E o cardo seco
E a poeira...

E a gotícula lambendo a pele nua.
E os lábios gretados. E a sede das horas
E os passos sobre o eco...

E o arfar solitário.
E este latir de condenado...

Infinita esta paisagem em que me detenho
Como planície inventada
Ou voo quebrado...

Estridência de cigarra acesa
Ou secreta cotovia em alvoroço
Adejando por dentro.

E o milagre
Do canto
Inesperado...


Manuel Veiga

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - pág. 17
POÉTICA Edições - Abril 2016

Sem comentários:

UM SORRISO “FREAK - Poema de Natal

Gosto de pessoas. Por vezes próximas, respirando ao mesmo ritmo!.. Outras (quase sempre) apenas momentos, riscos de acaso, meteoritos inte...