Rasgam-se as cortinas e
sob o foco a Mulher
Esguia como o tempo
liberto como o punho
Erguido ao céu da praça
cheia e às canções!...
Maiakovski grita em
métricas guturais:
“Abram alas ao Futuro que perpassa nas dobras
Do manto vermelho!...”
A Mulher inclina-se em
dignidade soberba
Segura nas mãos a flor
dos dias e nos olhos
O fervor prenhe de
Lonjura e de Distância.
E a palavra ousada nos
lábios escarlate
Como a túnica...
Em baixo uma criança
negra soletra liberdade
Nas pétalas desfolhadas
do cravo rubro
Que a mãe lhe dera com o
leite...
E o pai sorri com os
imaculados dentes
Da fome. Com o grito.
Como a guerra.
E ergue o punho à Mulher
de Vermelho
Que o acolhe no seu seio
de cristal...
E o devolve ao Povo
acumulado na Praça
Num gesto de febre
E luta...
Viva a Liberdade!
Manuel Veiga
"Poemas
Cativos" - POÉTICA Edições – pág. 51
Lisboa 2014
8 comentários:
E Viva a Liberdade! E que se cumpram as promessas. É o peperado!
Forte abraço,
Leia-se esperado!
Expressivas imagens de paixão e liberdade: o vermelho, a mulher, o punho, o grito ...
Nas tuas palavras algo arde.
Beijo, meu amigo.
Uma mulher forte.
Belíssimo texto. Adorei.
PS: Ocorreu um erro, saída dum tema. Hoje o tema é do:-
Gil António:- Fogo de Amor: O Infinito da Mélica Ternura
.
Bjos
Votos de boa Sexta-Feira
Manuel, meu amigo
Maravilhoso a partilha novamente deste teu imenso
poema, a louvar a Mulher na sua importância única,
do todo em que a Mulher é e que faz na superação sempre,
a luta pela liberdade de Ser e dela a vida no
simbolismo maior do criar e transformar!...
Muito, muito grata pela partilha novamente
deste poema especial.
Beijo.
Viva!
Mas tantas «mulheres de vermelho» ainda por libertar... :(
Apreendo agradada esse percurso e esses símbolos.
Mas há uma imagem que me fica impressa no espírito:
Em baixo uma criança negra soletra liberdade
Nas pétalas desfolhadas do cravo rubro
Que a mãe lhe dera com o leite...
Uma liberdade que já vem naturalmente, que é
transmitida como fazendo parte do próprio ser.
Abraço
Olinda
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