quinta-feira, junho 28, 2018

HEI-DE INVENTAR UM RIO...


Um dia, hei-de inventar um rio
E derramar pétalas na boca dos amantes.
E então todas as margens serão
Registo de meus passos.

E todas as águas salivas buliçosas:
Espuma dos dias e sinfónicos cânticos
A ecoarem no palato
E nas línguas…

E hei-de inaugurar um archote de lume
Em cada praça. E em cada esquina
Uma memória altiva.

E cada lago uma fonte.
E cada terreiro será grito
D´um pregão.

E todos os nomes serão o mesmo nome.
E todas as pontes a passagem
De meu corpo.

 E serei piano na escala
De meus dedos. E vadio fado no abismo
De meus olhos…

E oceanos!…


Manuel Veiga

17 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

E assim o será porque sempre fostes "oceanos" e fostes múltiplo no seu poetar, vogando sobre este rio "no abismo de seus olhos".

Um forte abraço, meu caro poeta! Sempre uma "ponte para a passagem de seu corpo"

deep disse...

Belo poema! :)

Beijo

Pedro Luso de Carvalho disse...

Meu caro amigo Manuel, esse poema certamente foi escrito com tintas d'alma. Inspirado poema, criativo poema, que eu teria prazer de assiná-lo.
Parabéns.
Um bom final de semana.
Um grande abraço.
Pedro

Marta Vinhais disse...

Haverá sempre um rio... um oceano de memórias....
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Larissa Santos disse...

Bom dia. Então que assim seja. O poema está um colosso. :))

Grandeza da lua, e do amor

Bjos
Votos de óptima Sexta - Feira.

Jaime Portela disse...

Excelente poema, parabéns pelo talento.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.

Tais Luso de Carvalho disse...

Nossa... Manuel, esse poema foi escrito com força, Pedro tem razão, vem lá do fundo d'ama!
O que dizer mais se o poeta usou alma, coração, criatividade, beleza...
Só posso deixar aqui meus cumprimentos e elogios para esse poema lindo.
Beijo, um bom fim de semana!

Um dia, hei-de inventar um rio
E derramar pétalas na boca dos amantes.
E então todas as margens serão
Registo de meus passos.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Gostei do teu "vadio fado"
Mais que o vídeo de roque,
Que tem um moderno enfoque!
Sou antigo e ultrapassado

Qual dinossauro fadado
Ao fado, pelo seu toque
A me levar a reboque
De si, por fiel soldado!

E "meus olhos em abismo"
Retrocedem quando sismo
Na eterna Amália Rodrigues

Com sua voz tão divina,
A Diva que ainda ensina
A ser do fado! Não brigues!...

Bela postagem e lindo poema o teu! Eu quiz fazer uma brincadeira com minha cabeça. Escusas! Parabéns pela postagem! Grande abraço. Laerte.

Teresa Almeida disse...

É um poema com um rio dentro. Vadio por natureza.

Parabéns, amigo Manuel.

O teu verso é dinâmico. Só pode arder na praça - em aclamação.

Beijos.

Julia Tigeleiro disse...

É os olhos não metem...! Que lindo. Um beijo Manuel.

LuísM Castanheira disse...

"No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida..." - Ary dos Santos

Que melhor definição poderia encontrar, para te homenagear?

E a este Poema, dum só rio e tanto mar...na espera de o abraçar.

Poetas do meu País...

Gostei muito, meu caro Amigo Manuel Veiga.

Aquele abraço.

Julia Tigeleiro disse...

(mentem)

Agostinho disse...

Inventar não é traçar destinos
a régua e esquadro
Inventar é o subir e descer do rio
fazer-se cheio e vazio
em corpo verdadeiro
ser homem e poeta por inteiro

Pendularmente, a poesia germina neste alfobre.
Abraço, MV.

Ailime disse...

Tão belo este poema, Manuel!
Gostei imenso.
Um beijinho.
Ailime

Suzete Brainer disse...

Manuel,

Poema belíssimo, com uma rica encantadora imagética,
começando pelo título (beleza esplêndida...), todo
o poema é um cântico de louvor à vida, ao amor,
a liberdade e felicidade.
As construções poéticas com uma força melódica
que o poema pede para ser declamado num registro
da beleza da Poesia!

"E todos os nomes serão o mesmo nome.
E todas as pontes a passagem
De meu corpo."
Apreciei muito, arrebatador, Poeta.
Bjos, meu amigo.

Graça Sampaio disse...

Poéticas, bárbaras intenções!

Ana Freire disse...

Um mar profundo, este belíssimo momento poético... onde desaguam intensas emoções... nesta confluência de qualidade e inspiração!...
Um trabalho absolutamente brilhante, Manuel! Parabéns!
Beijinho
Ana

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