Na metamorfose dos ecos…
Lábios-beijo na orla das
cambraias
E dos linhos. Devoções que
se elevam
Na febre dos olhos…
Tecem ogivas e capitéis
os dedos
E altares no rosto das
ausências
E o lusco-fusco da
tarde. Dolente
Arde, chama azul, o
círio. E devotos anjos
Descem dos altares
E derramam incensos na
maceração
Do tempo. Corpo
inaugural das horas
Na fermentação de
quimeras
E dos mitos.
Manuel Veiga
11 comentários:
Um poema de grande beleza, amigo Manuel. Gostei imensamente. Parabéns.
Um grande abraço.
Pedro
Em cada linha vejo lindas imagens, muito bonito o bailar dessas palavras formando um belo poema, Manuel!
Beijo, amigo.
Há devoções assim... que se vão alimentando da "fermentação de quimeras e mitos"...
Excelente, como sempre. Parabéns pelo talento poético sempre presente por aqui.
Bom fim de semana, caro Veiga.
Um abraço.
parece que vejo os vitrais, a luz no silêncio da pedra e os rituais...
belo poema, desta "capela ogival...", onde se guardam crenças.
Um bom fim-de-semana, meu caro Amigo Manuel Veiga.
um poema que evidencia a arte sacra e seu abraço com a arte poética. Como se conduzisses o leitor a uma visita "sui generis". Até os anjos desceram dos altares.
Que maravilha, amigo Manuel!
Beijo.
Belíssima catedral, erigida através das suas talentosas palavras, Manuel...
Faço minhas, as palavras do Luís Castanheira... tive a mesma sensação...
Beijinho
Ana
Chamar-lhe-ia «Idade Média». Tão devotamente poético!!
"Na fermentação de quimeras e mitos". Tomo a liberdade de ler o poema de baixo para cima e de tentar enquadrar essa explosiva força poética nestas duas palavras que nos envolvem desde o alvor dos tempos. Posto que tudo é ilusão (quimera) ou quase tudo, a própria realidade nem sabemos bem se existe, o que nós vemos, em princípio, é a representação dessa realidade. E os mitos? Ai os mitos, voluntariamente expostos, aqui, de forma poética e quase religiosa. Na verdade, não poderíamos viver sem os mitos. Diria que eles são tecidos com os melhores fios da nossa imaginação, de proezas de deuses e de heróis, representando os alicerces da nossa essência, nessa esfera, ligando-nos uns aos outros nos nossos anseios de identidade comum.
Tudo é possível, todas as metamorfoses e todos os ecos.
Abraço
Olinda
Já se disse que o poema é a soma de todas leituras que nele se deixa. Não rei longe, basta deliciar-me com as imagens, com as alegorias encerradas neste poema e pensar nos significados que cada palavra brotam.
Forte abraço, caro Manuel!
Numa cascata de subtís imagens o Poeta constroi um belíssimo poena.
Descem dos (seus) altares, sim, anjos e, aposto, que em marmóreas colunas se elevam no espaço que levam ao céu.
Abraço.
Poeta,
"Catedrais de pedra e silêncios íntimos
Na metamorfose dos ecos…"
As vozes interiores intercaladas pelos silêncios que
moram na nossa catedral-alma e a poesia na catarse,
ao mesmo tempo, no ritual da evocação deste infinito (azul)
em corpo poema, na metamorfose das horas (a)guardadas!...
Uma beleza imensa neste poema enigmático e velado numa
íntima luminosidade.
Adorei, meu amigo.
Tu és admirável na tua arte poética, Manuel.
beijo.
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