Sei das fontes e das
festivas águas.
E sei das lendas. E de
moiras a bailar
E dos fios do luar.
E sei das noites
Cálidas.
E sei de ledas fantasias.
E de harpejos murmurados
E das folias.
E sei da minha sede
A crestar-me os lábios.
E da água
Bebida pelos dedos. E sei
de furtivos beijos.
E da cascata dos cabelos
Negros. Já passados.
E sei do colear das
ancas.
E das ânforas.
E sei daqueles olhos. Estouvados.
A arder em chamas.Vivas.
E sei das pálpebras
descidas.
E dos enleios. E dos
seios. E dos dedos.
E sei dos medos –“se faz
tarde”!
E sei da lua a espreitar
-
Linguareira.
E sei desta subterrânea
corrente.
A soltar-se em lava. E
sei deste cântico.
E desta dor funda. Derradeira.
E deste deslassar dos
ecos
Pelas margens da
ribeira.
E sei da música do tempo
E desta memória em flor.
A teimar
Alvoroçada.
Manuel Veiga
“Antologia de Autores Transmontanos e Durienses"
Edição da Casa de
Trás-os-Montes e Alto Douro
Lisboa 2018
1 comentário:
Um hino à Vida!
Palavras expressas num regalo, os sentimentos impressos, aqui, da alma humana, desde ascestrais tempos em que rocha era rocha, chão era chão, água era água, ar era ar e todos os elementos se alimentavam de amor.
Abraço amigo.
Enviar um comentário