quarta-feira, setembro 26, 2018

A MORDER AS CINZAS ...


No lastro das coisas ardidas
Uma flor rubra no mar
De meus enganos.

E mergulho – nas mãos
Uma estátua
De sal…

E nessa metamorfose líquida
A lucidez dos sentidos
Palmo a palmo.

E a decomposição
Dos espelhos …

E a babugem das pétalas
A morder as cinzas …


Manuel Veiga


11 comentários:

Larissa Santos disse...

Muito bom. Parabéns :))

Hoje » És a minha luz.

Bjos
Votos de um óptimo fim de tarde

José Carlos Sant Anna disse...

Caro Manuel,

É o que nunca falta na transfiguração da realidade que se instaura na sua poética: "a lucidez dos sentidos". O figurino parece o mesmo, mas é evidente a metamorfose...
Um forte abraço, meu caro amigo,

Rogério G.V. Pereira disse...

Gosto da metamorfose

não apenas da palavra
mas à lucidez dos sentidos associada

como tu fazes
palmo a palmo

Lia Noronha disse...

Belíssimo poema querido amigo Manuel...como sempre o seu espaço encanta-me.
Um abraço carinhoso.

Agostinho disse...

"A morder as cinzas", o poema remete-me para um patamar de reflexão.

Rente às cinzas a gente tem
sensação repelente,
coexistimos sem as admitir

Será realidade endógena?

Para trás deixamos o mar
a alargar,
alagado na química das lágrimas
que se assemelham.

Quando vemos a eterna flor,
a sangrada que nos sangra,
é a cinza nos toca,
nos compromete, envolve e
cinzentos ficamos.

Abraço, caro Poeta.

Olinda Melo disse...



As cinzas das ilusões perdidas ou a espuma dos dias associada ao mal-querer e ao descaso. Salve-se a força da "flor rubra" que persiste em muitos corações.

Abraço

Olinda

Jaime Portela disse...

E um dia tudo será cinza...
Excelente poema, como sempre.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.

Larissa Santos disse...

Muito bom:))

Do nosso amigo, Gil António:- Hoje » És a minha luz do entardecer

Bjos
Votos de uma óptima Sexta-Feira

São disse...

Que a cinza das ilusões perdidas nunca cubra a flor vermelha !

Abraço, amigo

Ulisses de Carvalho disse...

Sim, um dia tudo será cinza. Belo poema, um abraço.

Teresa Almeida disse...

Há palavras que dissecam a paisagem. Há poemas que mordem a nostalgia e revelam um poeta maior.

Parabéns, amigo Manuel Veiga.

Beijo.

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