sábado, janeiro 19, 2019

NADA PERDURA ...


Nada perdura. Nem o veio de águas
Tumultuosas. Nem o vagido da inocência
Nem o silvo dos ventos. Nem a agrura das montanhas
Nem a alvura dos silêncios. A rasgar
O frémito da palavra imaculada.

Nada perdura. Nem o cetim dos dias
Nem o cinzento das mágoas. Nem a efémera euforia
Das glórias. Nem o eco do que fomos
Nem a nudez dos dedos
No lombo magoado
Das desgraças.

Somos o que somos!

Alimento de nós mesmos
Turbilhão do Mundo
Que nos arrasta.

Manuel Veiga


8 comentários:

Teresa Almeida disse...

Nada perdura, meu amigo Manuel. E essa consciência deixa-nos na mão um pouco de nada. Ou não?

O desencanto é a luz do poema.

Gostei muito.


Beijo meu.

Larissa Santos disse...

Bom dia. Maravilhoso poema. Adorei :))

Hoje:- Na incerteza da minha alma abandonada

Bjos
Votos de um óptimo Domingo (:

José Carlos Sant Anna disse...

Pois é, caro amigo Manuel, somos o que somos, e também temos a sua palavra imaculada para registrar este momento de desencanto poeticamente.
Um forte abraço, caro amigo!

Graça Pires disse...

Tudo é efémero nesta vida que somos. Vão perdurar as tuas palavras para quem as souber ler com o coração…
Uma boa semana.
Um beijo.

Olinda Melo disse...


Um poema que nos despe de prosápias, da fatuidade dos nossos dias.
Somos assim. Frágeis. A nossa força talvez resida nesse reconhecimento.
E quando chegarmos à conclusão de que não somos nada, quem sabe se não
acabaremos por encontrar a nossa essência, se ela realmente existir.

Belo, caro Manuel.

Abraço

Olinda

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo.
Nada perdurará e seremos arrastados pelo "Turbilhão do Mundo"!
Beijinhos e boa semana.
Ailime

Ulisses de Carvalho disse...

Nada é. Tudo está: existir é transmutar.

Agostinho disse...

"Somos o que somos!

Alimento de nós mesmos
Turbilhão do Mundo
Que nos arrasta."

Digo,alimento e chama.
Perfeita a tua poética.

Abraço.

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