Breve o desfilar dos dias em que me planto
Em palavras.
São beijos? São afagos?
São passageiras glórias a baterem como asas
Que voando se despenham...
Quem por mim as toma? Quem as agarra?
Nada quem as queira. Apenas o sussurrar
Quente da cigarra. E o vento.
E o logro em que inúteis
Se desenham...
Abrem-se os braços à colheita e voam!...
E este mar de brasas em que ardo.
E nesta fome de lonjuras em que me fito
São as palavras tudo-nada.
Barco sem remos
De meu grito...
E como tal as tenho…
Manuel Veiga
5 comentários:
Parece mais triste que o brilho da candeia numa noite fria, meu caro poeta, este poema, mas com um brilho que resiste à chuva e ao vento e ganha o mundo ultrapassando a fronteira do tempo.
Um abraço, meu caro poeta!
Muito bom :))
Hoje:-Tempo nefasto, sem piedade.
Bjos
Votos de uma óptima noite .
Um poema muito belo... reflexivo e introspectivo... sobre o alcance das palavras...
Gostei imenso, Manuel! Elas sempre perduram... de uma forma, ou de outra... na memória de quem as lê, ou de quem as ouve... as palavras...
Beijinhos! Votos de uma excelente semana!
Ana
"Abrem-se os braços à colheita e voam!...
E este mar de brasas em que ardo."
... as palavras como relâmpagos. Cabe ao poeta esta glorificadora colheita.
Quanta luz, amigo Manuel!
Beijo.
Excelente a pintura desta tela.
De facto, assim é o mal
da poesia,
sem cura ou remissão:
"barco sem remos, remos sem barco
num mar de palavras,
que desafiam, em turbilhão,
a mente de insónia:
calmaria ou terra chão.
Abraço.
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