terça-feira, julho 09, 2019

ARFAR SOLITÁRIO...


Abrasa o sol nesta miragem. A distância é o voo
E a canícula. E a ave soletrando o círculo.
E o zénite...

E a violenta bordadura de azul no fio de meus olhos
Agitando a brisa cálida...

E o grito calcificado do restolho.
E o cardo a dançar no vento.
E a poeira…

E a gotícula lambendo a pele nua.
E os lábios gretados. E a sede das horas
E os passos sobre o eco...

E o arfar solitário.
……………………………………………………….
Infinita esta paisagem em que me detenho
Como planície inventada
Ou voo quebrado...

Estridência de cigarra acesa
Ou secreta cotovia em alvoroço
Adejando por dentro.

E o milagre
E o canto
Inesperado...

Manuel Veiga




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