terça-feira, novembro 26, 2019

SOMOS O QUE SOMOS ...


Somos o que somos.
Nem os rios correm para nascente
Nem as velas contra o vento...

Nem a trepidação das cidades
É campo de açucenas...

Quem a este porto se arrima
Sabe ao que vem. Não ao chá das cinco.
Nem a papos-de-anjo…

Somos o que somos ...

Vento suão de mil anos.
E o gelo das montanhas.


Manuel Veiga




13 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

Pois é, meu caro poeta, "somos o que somos..." É por este caminho ou processo cognitivo que o sujeito descobre a sua própria identidade e a estende ao Outro. Observe-se na construção do poema a utilização da conjunção correlativa, nem... nem, dando ideia de alternância para, saindo desta situação ondulante, fechar-se o poema com uma espécie de ruptura, por meio de dois pontos extremos ao definir-se como “Vento suão de mil anos. / E o gelo das montanhas", portanto opostos. O que significa que há o reconhecimento da aprendizagem, do conhecimento adquirido sobre si mesmo e estendida ao Outro "Somos o que somos..."
Estar por aqui sempre nos permite este exercício ou "invenção" sobre o seu fazer poético. Saio sempre mais enriquecido!
Um abraço, meu caro Poeta"

Rogério G.V. Pereira disse...

Somos aquilo que somos
Não somos o que fazem de nós

«E eu ainda posso ver o veludo azul pelas minhas lágrimas»

Pedro Luso de Carvalho disse...

É uma verdade cristalina, Poeta: “Somos o que somos”.

Aí está, amigo Manuel, mais um de seus belos poemas. Não preciso dizer ao Poeta que para os amantes da Poesia não basta uma só leitura, mas duas, três ou quatro leituras.

Uma boa semana caro amigo Manuel.
Um abraço.

Tais Luso de Carvalho disse...

Eis aí uma grande verdade, Manuel! Somos o que somos; nosso DNA, (molécula presente no núcleo de nossas células) carregarão todas as informações genéticas que trouxemos para o resto de nossas vidas. Nada mudará, pacote feito e amarrado. Poderemos acrescentar algo que nos beneficie, mas nada se apagará. O essencial está pronto, não muda, nem com Escola de Samba - como dizemos no Brasil.
"Nem os rios correm para nascente , Nem as velas contra o vento..."
Poema que deixa um recado de pura verdade; ninguém muda ninguém...isso é ilusão.
Beijo. Gostei muito, meu amigo!
Vídeo ótimo!

Larissa Santos disse...

Poema adorável e verdadeiro :))
Bom dia
Hoje : Queria viver no teu silêncio

Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- Nem um canteiro de rosas embeleza sozinho, um jardim, em plena Primavera

Somos o que somos sem dúvida alguma
.
Votos de uma 4ª feira feliz

Armando Sena disse...

Que a vida não é só dias claros.
ab

Teresa Almeida disse...

Sempre assertivo, mesmo que a poesia permita voos inesperados.
A este poema subjaz uma filosofia de vida que se desenha íntegra e verdadeira.
"Quem a este porto se arrima sabe ao que vem."
Ora firme, ora macio, sabes sempre onde vais.

Mais um poema que o leitor não esquece.

Beijos, meu amigo Manuel Veiga.

Emília Pinto disse...

É verdade, Manuel, " somos o que somos ", e nesse ser que somos, vamos depressa de um extremo a outro, estando agora muitissimo calmos, e daqui a pouco, acometidos de grande fúria fazemos grandes disparates; como dizia a morte ( narradora ) no livro, A Menina que roubava livros, " fico espantada com o ser humano, ao mesmo tempo capaz de feitos maravilhosos e de actos horrendos " ; somos vento, somos brisa suave, somos gelo, somos calor, somos ondas gigantes, mas somos tantas vezes águas suaves que delicadamente beijam as areias quentes; somos seres complexos e fomos cá postos sem pedido nosso, mas, agora, não adianta, temos de seguir em frente cada vez com uma maior consciência de que nem sempre vamos ao " chá das cinco nem a papos de anjo " ; o que encontrarmos pela frente tem de ser ultrpassado, porque, como o rio não corre para a nascente " também nós não podemos correr para trás; para a frente, manda a vida e temos que obedecer até que ela diga " pára! O caminho chegou ao fim! E assim somos nós, feitos de tantas contradições e assim continuaremos, na nossa essência, exatamente os mesmos. Sabes, Manuel, acredito que agora estamos todos um pouco diferentes, sabemos ao que viemos e temos mais consciência do que já fomos, do que somos agora e que, daqui para a frente, o tempo para continuar a sermos é cada vez mais curto. Como sempre, amigo, muito, muito bom! Sei o que és...Um Grande Poeta! Boa noite e obrigada! Um abraço
Emilia

Olinda Melo disse...


Belo Poema, Manuel Veiga, com a qualidade a que já nos habituou.

Tendência natural das coisas: Rios que correm para o mar e ventos que enfunam as velas, onde vislumbro os veleiros da minha infância.
E o desconcerto do mundo: o macadame das cidades, as máquinas, as trepidações de toda a ordem que devoram a pureza dos dias.

E eu detenho-me aqui, fico presa a estes versos:

"Quem a este porto se arrima
Sabe ao que vem. Não ao chá das cinco.
Nem a papos-de-anjo…"

Não há facilidades. Nem coincidências. Apenas a crueza dos dias.

Abraço, meu amigo.

Olinda

Ninfa Azul disse...

Somos lo que somos, sin que el otro pueda abrir la puerta y mirar mas adentro del umbral,en nuestro YO.
Un abrazo.

Jaime Portela disse...

Nada a fazer... a vida é assim mesmo.
Excelente poema, como sempre.
Gostei de ouvir o Manuel Freire, uma referência da música, ainda que meio esquecido.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.

Marta Vinhais disse...

Somos quem somos... e se fugimos dessa verdade... ficamos magoados...
E, sim, há Ventos e gelos que nos tentam derrubar....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...